terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Santiago de Compostela da cabeça aos pés


É chegada a hora da nova caminhada. Possível sentir o cheiro daquelas terras onde passaremos. Ainda andamos por ilhas Atlânticas vendo imagens do passado distante. É a tranquilidade que move os passos e o espírito convicto é toda uma fortaleza. Que Deus esteja connosco. Cruz de Malta, anjo de ouro, duas conchas, Thiago e Inga. A peregrinação de Santiago é uma atitude cristã, ao encontro das marcas deixadas pelo apóstolo do Senhor. É uma rota de sons, sinais, mantras e orações. Misturas europeias, sul-americana, oriental, internacional. É absorver momentos distintos, passando os mesmos no instante seguinte, com as traduções corpóreas. Porque o espírito expande-se por uma estrada de muitas formas, infinitas paisagens, como milhões de estrelas no céu. E bem ali diante dos olhos e em todos os lugares, Deus está presente em nós. Fomos a Santiago em busca da ordem baptizada, levar mensagens, lavar a alma, acompanhados de Deus, encontrando pessoas, respirando ares puros, verdes matas e cascatas e igrejas. Recebemos a paz, a eucaristia, o sorriso do povo, o incenso da catedral, a face das pessoas, as glórias dos obstáculos vencidos. E a estrada estende-se do Cabo ao campo de estrelas, do fim do velho mundo às terras geladas do norte, às terras geladas de fogo do sul. O tempo é infinito, o planeta Terra é compreendido com um mapa Mundi, a vida é um mistério e o Supremo simplesmente é tudo.
Que haja mais lares com portas abertas aos peregrinos de Santiago de Compostela. Sejam simples casas, tectos, albergues ou pousadas para descansar os andarilhos da fé. Pois os verdadeiros são simples, puros e bons. Possuem vigor, vitalidade, auto controle, humildade, e buscam a todo instante a revelação prática dos segredos da vida.
Caminhar não é mortificar o corpo. Peregrinação é vida, saúde, harmonia. Locomoção é dinâmica, pensamento. E com o tempo é possível auto conhecer, limpar a alma, trabalhar o intelecto. Estamos a caminho de Finisterra, a um dia do cabo do “fim do mundo”. O trajecto é lindo, paisagens maravilhosas. Subimos serras remotas, isoladas da população, no meio da floresta bruta, de um deserto com o fim a vista. Cansados, agora andamos 33 km por dia desde que saímos de Compostela. Encontramos com pessoas do Norte de Portugal e muitos outros peregrinos que nunca havíamos encontrado pois estes vieram pela Rota Francesa contando histórias de 800 km atrás. Convíveo e aprendizados, passos andarilhos.

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