quinta-feira, 24 de novembro de 2016

DENTE DE LEÃO

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Venho suplicado por um grão de areia
Para mim poderia ser até um átomo
Uma minúscula parte de chance 
Fato é que dentre trilhões de células
Hoje mastigamos as impossibilidades
Mas existem as possibilidades, é certo
Só lembrar que o hominídeo cruzou Bering
Uma ponte temporal no Ártico, a pé
E uma cruz ser mais famosa que castelos
Essa força faz lembrar a Europa Sul Moderna
Cruzada ao lado da minha velha amada
Esse dente chegaria à costa oriente da China
Transpassava qualquer fronteira de guerra
Pois aladas são sementes que decolam
Pousam nos gramados da pacífica gente
Saem bem de dentro do coração do Leão
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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O ÁS

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Procuro a volta
O ingresso sistemático
A confiança do forte
O fortalecimento do fraco
Procuro fixar raízes
Ainda que sobre os mares
Procuro a rotina massiva
Do cansaço do corpo
Do desenho das letras
Do ensino dos novos
Procuro Portugal no Brasil
E vice versa a mesma coisa
Um padrinho ciente
Um tutor de ciências
Um treinador de leões
Procuro Azzurra, as ilhas
O continente, os ares
Um mergulho na lagoa
Uma dama do norte ou do sul
De toda a rosa dos ventos
Procuro qualquer solo fértil
Águas doces limpas
As salgadas ricas de vidas
E todo cimento que reúna os homens
Para continuar os passos dados
Para organização das coisas todas
Do território pleno
*

sábado, 19 de novembro de 2016

IMPERA

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Sobre conjugações
Devia haver na lei
Impera
Que toda lei criada boa
Tende a ser produto que impacta
Impera
Como um Som Real
Com V partes
Impera
De cunho belo e forte
Raro e uno ao Todo
Impera
A TODOS
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https://youtu.be/jZKkLkw2hsE

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CARTA AO AMIGO FRAN CRIPTOGRAFADO

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Irmão, estou mesmo entre dois países. Tenho a idade de Cristo, não durmo a hora certa, não acordo para bater ponto. Quase toda vez que olho para o relógio vejo os números repetidos. Li em algum lugar que isso pode ser um sinal de qualquer coisa do universo. Ora, faz sentido, qualquer coisa do universo é bem possível que seja verdade. Engordo, ainda que não coma a rapa do angu todos os dias, pois a madre mia escondeu meus desenhos e isso não se faz com um projetista. Por outro lado o café da tarde me faz comer dois pães e ainda os miolos que sobre a mesa ficam. Converso com poucos, coisas interessantes, medito bastante, sobre as crenças dos homens, quando ando expio o céu, para ver o que lá vem, e de fato não acho um tostão no chão. Tenho apenas uma flauta e uma cria distante. Há muito tempo quero servir a Marinha, destes dois países, inclusive, mas não há nenhuma guerra ainda que precise de um corpo à frente de imediato. Não que recrutem apenas guerrilheiros, pois há outras chances para um aventureiro entrar nos moldes do padrão. Em falar nisso, sinto que a sexta república do meu natal será atingida por um canhão. A terceira dos patrícios meus, também. Elas estão capengas, não se vê comando, brio ou inovação, as escolas são covis, hospitais são cadeias, a diversão só passa na televisão, xii... que coisa horrível. Estou lhe escrevendo porque tudo que penso se realiza. Já cheguei de chinelos na Catedral no fim do mundo, já naveguei a fazer cada onda o meu porto, já vigiei a fome e o membro que aumenta, já convivi com vizinhos do Everest... Então quando eu chegar de branco em sua presença, por favor, não se assuste, pois chego pra deixar a patente dormente, entrar no meu claustro, preparar a saída, para o senhor coroar.

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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

ALTAR DO QUINTO

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Dado os joelhos sobre a cama
Cotovelos altos numa bancada
4 Budas à 1 e 11 da madruga
As vieiras margeiam Radha
O próprio Krishna a observa
Uma esfera ao centro da roda
Aos pés do prato do Siri Ganesha
Os cristais repousam lado o lago
Sob a chuva recarregam energias
Conchas, runas novas e medalhas
E a reza interna rosto e cruz de Cristo
Me trará alguém de cima uma resposta
Sobre a hora magnífica da mudança
Quando há tanto escudo reforçado
Vencedor contra a má pujança
Nos quintais que se estendem ao mar
Pastam, brotam, alimentam o Império
Recuperam casarões do Império
Tratam elos que conjugam o Império
Surgem naves que impulsionam o Império
Nascem os que habitam o Império
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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

ANTICICLONE

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Não vejo aviões rasgarem o céu. Já que o dia proporciona olhar pra ele sem gotas. O que vejo é o germinar de duas sementes grandes, lentamente, há três dias. Achei um monte delas, "pata de vaca", árvore à beira rio. A andorinha que mora no quintal voa rasante sobre minha cabeça enquanto monta o seu ninho. Minha sorte está dentro de um postal da Índia onde sobre ele tem 4 cristais em cada canto. Encabeça essa “mandinga” uma peça, uma roda de metal vazada, como o dharma. O café fica mais doce quando aloco um quadrado de rapadura na minha xícara. Há uma cratera aberta bem em frente à minha porta, causa essa a chuva que enche os rios. O filme "Ilha Verde" não será visto este ano, a própria ilha não me receberá. Pode ser que ela trema por isso. Eu vejo os campos férteis do lado de lá e isso não é um diário de rimas. Simplesmente isso é a vida que caminha, ainda que parado, a mochila aberta onde entram aprendizados, vazam coisas destas no mormaço, com saudade do abraço da menina minha, que não sai do pensamento meu.
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domingo, 13 de novembro de 2016

MASSACRE

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Antes de embarcar eu preparava
Sementes; semipreciosas e sons
Um sorriso por saber que estava livre
Pronto a reconquistar um lar de gelo
E as paredes colorir com emoções
Mas o meu amor está enfeitiçado
Sua testa enruga, sua voz lamenta
Minha ida branda pelo bravo mar
O céu até sangra e meu coração molha
Uma hora passa similar a um segundo
Bato aos cascos dos navios por carona
E sem medo uma nova ponte atlântica
Eu lembrei que um ariano ressuscita
Quando se trata do impossível
Ele junta as ruínas do Castelo
E inunda os buracos do deserto
Porque os astros se revoltam
Quando a lua cresce e o sol não vê

PEGUE SEU BANQUINHO

*
Sobram chutes, dardos cegos
Você precisa de fontes certas
Antes de atravessar a ponte
Faça o teste com um elefante
Porque se confiar no acaso
Pode ter um grande atraso
Isto é, um tombo que arrasta
Seus ouvintes, sua amplificação
Então você precisa de humildade
Para aceitar a bola no travessão
E não confundir com o campeão
*

PUBLICA DE NOVO

*
Já pensou nisso?
"Re-publique"
Nada de novo
O que é público
É de todos
Ou quase todos
A Lusa sangrenta
Brasilis dada ao rio
Primeira, segunda...
Tomada por dizer duro
Terceira não engata
Eu sou monárquico
Monarca?
Tudo novo
Porque o rei não nasceu
Ainda
Ou
Está encoberto
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quinta-feira, 10 de novembro de 2016

COMO QUIETO

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Não venho falar de meninas. Concluo o assunto com o título, pois gosto muito. Em tempos em que as pessoas entendem que “A” é “B”, será melhor dizer sobre esse abafado calor que me incomoda mais que qualquer flamenguista (na esportiva). O calor, para mim, é um dos convites para me fazer sair, como se fossem setas indicativas ou placas gravadas: “Vá para o mar!”. Não como uma expulsão, pois ainda que acenda ali na esquina um incenso de vez em quando, tenho sempre a palavra certa pra doutor não reclamar. A cidade terá uma nova administração a partir de janeiro de 2017. Estratégias funcionais e pró-ativas sobre os setores como a Educação e o Meio Ambiente são importantíssimos para o avanço e a melhoria dessa sociedade. Quando há chuvas fortes – por causa desse calor infernal – no centro da cidade principalmente e não só, a tromba d´água escorre pelas ruas, descendo pelos bueiros que vão dar ao córrego de nome “Lava pés”, corrente dentro e abaixo de duas grandes avenidas de nomes: Humberto Mauro e Astolfo Dutra. Porém, alguns bueiros, internamente estão entupidos no decorrer dos períodos sem chuvas. Estão entupidos de folhagens e galhos que fazem uma rede natural e que é agravada com os lixos que a população humana descarta pelo chão. A rede de drenagem não é eficaz. E digo sinceramente, só por ver a chuva cair e a água não descer, mas sim subir, afirmo o fato da ineficácia função da rede de drenagem e escoamento de água das chuvas (pluviosidade) da cidade. Análises e ações sobre o Meio Ambiente são funções profissionais que trazem à tona respostas da atual situação que se encontra a organização da cidade e o próprio funcionamento do Meio Ambiente; e isso inclui o comportamento humano. Quando eu cruzo a praça e vejo adolescentes e adultos descartando lixo no chão, é tão fácil prever que quando a chuva cair forte, como uma tromba d´água – por causa desse calor infernal – aqueles lixos entupirão os bueiros juntamente com as folhagens. Então as avenidas ficarão cheias por causa da água que desceu pelos bueiros junto com as folhagens, os galhos, o lixo humano e entupirá as curvas, os túneis e as bocas do córrego “lava pés”. Ele transbordará. Ao mesmo tempo a água que não desce pelos bueiros empoçará, unindo-se à água que vazou do córrego, e as ruas ficarão inundadas, com lixos e rejeitos de todas as más qualidades sanitárias à superfície onde locomovemos. Por isso, quando começar o ano que vem, (poderia ser até desde já) casemos (unir) a Educação com o Meio Ambiente. Tracemos estratégias para tratar a rede de escoamento com ações inclusive sobre as folhagens e os rejeitos arbóreos justamente sobre o córrego, seja por contenção ou recolha, com ciência de análise, experimento e ações para prevenir eventos de cheias instantâneas, justamente esses colapsos aquáticos fétidos. Elaboremos um plano assíduo, intensivo, prático, funcional e formador de Educação Ambiental nas escolas, às crianças e adolescentes, para tratarem a finalidade dos resíduos humanos nos devidos locais, nas lixeiras, e que haja distribuição das mesmas sobre o fundamental ordenamento urbanístico. Ao final de um ano com essas ações associadas, comparemos os registros de transbordos do córrego dos anos passados aos decorrentes e veremos notável diferença de ocorrência, isto é, espera-se que não ocorram ou ocorram menos, até o ponto de cruzar dados pluviométricos, em concreto uma ciência citadina exemplar para gerir e administrar um território com finalidades benéficas ao povo. Contudo, eu acabei de jantar, está um calor desgraçado, daqui a pouco vai chover, eu vou mesmo para o mar e não poderia ficar quieto.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

TR EN PT

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Trip
Trump
Trupe
Tripa
Trans
Trap
Trampo
Trust
Troll
Treco
Triplo
Truco
Tralha
Truta
Trolha
Trevo
Track
Treva
Trade
Trigo
Trufa
Tree
Troco
True
...
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ÁTMA

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Toda matéria pode quebrar-se
O universo visto e não visto desfragmentar-se
O tempo pode pulverizar-se
O próprio nada pode existir
Mas só o espírito é eterno
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A REALIDADE DE MARX

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Todo radical uma hora dança
Pode ser de imediato por ser crato
Ou como Roma, pós milénios
O vegetariano que não mata
Deixa voltar a selvajaria
Tem leões e serpentes a porta
A hipocrisia é a meta a ser evitada
Quando você aponta ao hippie
Que por sua conta planta a filosofia
Ele colhe o exemplo da auto-suficiência
Então você veste e come marcas
Iludido ser um bom capitalista
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APAIXONANTE BASE DA VERDADE

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A caneta útil não precisa de adornos
Sua essência é máxima quando bem atua
Até mesmo tronos são diversos
O primeiro Papa vivo ouro tem
O segundo Papa vivo tem o povo
A escrita é em suma a organização
Desde o arquiteto que desenha a planta
Ao juiz que percebe e condena justo
Todas outras faculdades e suas funções
Diria até mesmo as forças armadas
Sendo elas três protetoras do Governo
E um Governo bom é aquele que evolui
Veem-se então escolas entrincheiradas
Com aloprados vazios e bizarros anárquicos
Que não analisam as potências ou poderios
Simples, como professor que ensina, simples
E o militar que forte toma a ordem necessária
Poderia ser este um aviso como a PEC p/ex.
Uma guia desejável para o bem da massa
Através de uma diplomacia de primeira
E o absolutismo no dedo do escritor

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

PROTÓ TIPÔ

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Desenhei uma arma mágica
Ela é uma espada clássica
Sobre ela mestres trabalham
Sua lâmina é de aço, claro
Na munheca uma tampa d'aro
Punho oval de madeira, é a lei
E um copo geométrico em taça
Para que fique em pé sobre a mesa
Como peça que traduz respeito
De ponta a cabeça a copa fica cheia
Essa espada arranca os olhos do capeta
Inspirando a bela, a justiça da balança
Desejosos ficam os mares do oriente
Já que Shiva sai do transe só pra vê-la
É ao mesmo tempo ataque e defesa
A segunda que irá pairar na nova parede
Minhas mãos pedem que não a quebre
Uma vez que fiz um oito com a primeira
Essa espada é o meio da história
Isso quer dizer que existirá a terceira
*

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

DECLARAÇÃO

*
A minha insônia continua
E como digo, a minha hora de trabalho
Por pensar de mais
E fazer algo fácil e bom qualquer
Então isso é para você
Porque enquanto estou aqui
Você está dentro do meu coração

*

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

LUVA

*
Na vida tudo passa
Diriam os comediantes 
A uva também
Exatamente tudo passa
A vida do homem passa
Ainda que a arte perdure, ela passa
E podem esbravejar, irar-se, morder os dentes
A morte chega e iguala
O pensador e o braçal
*

ESPÉCIES

*
No mundo todo há pessoas que acreditam ser estrelas. Isso é um tanto relativo uma vez que elas são naturais do céu e do mar, as estrelas. O fato é que há estrelas temporárias, isto é, pessoas, como as cadentes, não confundir com decadentes. Há estrelas caladas como aquelas amputadas que chegam às praias. Há as simpáticas, as mais próximas por sinal, por serem nobres de espírito. E as antipáticas muitas vezes relutantes e invejosas. Há também as que correm, que agilizam e constroem. Depois existem os comuns, eles não pensam nem acima da cabeça nem abaixo dos pés e são poucos os que falam sobre essa espécie.
*

UMA CURTA POESIA BEATNIK

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Em breve envio-lhe docs
O objectivo é transformá-los em papéis 
Legíveis e prossegui-los para a porta
Da oportunidade de trabalhar até a morte
Isto vale tudo que imaginares
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O CHÃO ERA LISO

*
A onda passou
Haviam tribos 
Haviam! E Avis
Havia raridade
Na resposta
Do sistema
É lógico
A rede é um difusor
De mensagens
Que como disse
Podem ser além de
Imagens podem ser sons
O que você dirá para os que ainda irão nascer?
Algo bom, por favor, união é bom
Veja
Você pode encontrar o palhaço
E pedir a ele um milagre
Desde um malabar de fogo
A união de quadrados
Pois, há cigarros que entorpecem
São de satiwa e isso quer dizer harmonia
Não é impossível essa possibilidade
A Harmonia
Que é exatamente o controle máximo
De um ser único homo verdadeiramente sapiens
Alguém que lança o dardo ao alto
E mirante vê o universo Todo
Logo esse dardo sucumbe
Mágico aos acertar em cheio
A lógica do equilíbrio perfeito
Simples como agora
Lusa por letras e “otras cositas más"
Extensiva além de dimensões
Se é que existe o multi
Ainda que viera certo
Tudo vem de Parabrahma
O Inexplicável
*

MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...