quarta-feira, 31 de agosto de 2016

TAPA DE LUVA

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O mal do homo (sapiens) é achar que a sociedade não é heterogenia (diversa). A fragilidade dos ignorantes está na falta de conhecimento alimentada por uma paixão do ego que ilude a ponto de cegar-lhes a existência de tantos outros personagens adjetivados de acordo com sua natureza comportamental: Elitistas, Narcisistas, Monopolistas, Vanguardistas, Masoquistas, Musicistas, Retalhistas, Anarquistas, Comunistas, Espiritualistas, Oposicionistas, Detalhistas, Juristas, Analistas, Cientistas, Sambistas, Protagonistas, Extremistas, Acionistas, Romancistas, Anatomistas, Trapezistas, Tecnologistas, Fundamentalistas, Realistas, Governistas, Otimistas, Progressistas, Radicalistas, Estadistas, Biologistas, Moralistas, Capitalistas, Pacifistas, Alpinistas, Fisiologistas, Tecnicistas, Sensacionalistas, Corporativistas, Comodistas, Artistas, Pluralistas, Sentimentalistas, Ativistas, Modistas, Sebastianistas, Monarquistas, Socialistas, Instrumentalistas, Simplistas, Skatistas, Expansionistas, Conformistas, Psicologistas, Campistas, Iluministas, Separatistas, Turistas, Monografistas, Marxistas, Racionalistas, Tribalistas, Impressionistas, Dentistas, Apologistas, Altruístas... ET AL.
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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

TIRA ESSA MULHER DAÍ!

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Quem colocou essa mulher aí? Tira essa mulher daí, já! Essa mulher não sabe falar direito. Como é que pode ter sido líder do país? Inapta, sem garra, sem sal, repugnante. Esses são sinais da ineficiência da democracia. A motivação para a guerra entre os perdidos (partidos). A urgente necessidade de revolução.
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sábado, 27 de agosto de 2016

SOBRA (Isto não é uma ficção)

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Eu me recatei porque definitivamente ou mais que as outras vezes meu dinheiro acabou. Eu precisei pedir ao intelectual socialista que abrisse a sua carteira - com a habitual educação imperativa minha e após soprar uns arranjos barroco na flauta doce - para que me concedesse uma moeda para comprar um cigarro no fim da última noite. Eu recebo críticas diretas sobre estes fatos. Tanto, muito, que as ouço como murmúrios vindos das paredes. Vale ressaltar que minhas camisas são mesmo velhas, os punhos rasgados, limpas, mas surradas. Eu já tive coisas novas, aliás, eu já tive uma biblioteca cheia, um salão no topo com o piso de tapetes, quadros, espada na parede, instrumentos musicais e muitas outras peças materiais que naturalmente ficaram velhas ou as perdi. Há muito tempo eu ando a perseguir a sorte. A sorte é um mistério, um enigma, um momento escondido, é uma revelação de muitas faces. Mas o que eu quero mesmo encontrar é o amor que me reconhece sob trapos. Pois o amor renova, iguala e transborda.
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sábado, 20 de agosto de 2016

QUEM?

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Dentro da cabeça
Não tem portas
Não está trancado
Não é uma charada
Acredito que é raro
Ao máximo com fervor
A melhor liberdade ativa
É aquela que confronta
Aqueles que se vendem
E seguem um manual
Que não é comum
Traem os territoriais
Se autoflagelam
Negam novos padrões
Aceitam a forca
Assim o povo regride
Na superfície à tona
Em essência que falta
No horrível pré julgar
De tudo aquilo que não vê
Sobre o nome de quem assina
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quinta-feira, 18 de agosto de 2016

HOJE E SEMPRE PARA NUNCA MAIS

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Eu não choro mais só por uma menininha dourada que não vive ao meu lado mais. Não me importo com os erros de português dos políticos nacionais e seus militantes desmedidos. Não tenho fome nem de madrugada, quando mais penso. Por agora e até os próximos dias não quero ver gols, pódios ou notícias de assaltos e mentiras. Não tenho paz. Parado eu vejo a guerra e ela me corrói. Preciso sair do covil que é um hospício formador de egos com maldades absurdas, preciso ter mais mãos para portar espadas justas, mais pés e embarques para chegar rápido nas batalhas, mais cabeças para converter as maldades dos homens em bondades. Eu queria não ter coração agora, queria não sentir a dor que me sufoca. Queria que os rostos das crianças nunca ficassem manchados de sangue, nem perdidas de medo sem bases. Se o mundo continuar assim eu quero mudar o mundo. Se não mudar o mundo prefiro que o mundo acabe.
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TECIDOS SÃO CIDADES

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Roma
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Em suas pontes cartas
Estátuas, vigiantes vivos
Ir ao campo é o encontro
É o litoral e o Globo imenso
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domingo, 14 de agosto de 2016

INTERCESSÃO


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Mama Rússia comia vegetais vários
Era soja que fazia bem miúda astuta
Junto à uma massa de milho húmida
Em água temperada quente, óleo e sal
Leva ao fogo pasta de lentilhas, ouro
Mais um branco grão fino do oriente
Mama Rússia era bela prova nostra
As espumas de una copa saborosa
Junto tinha o som do dente cristalino
Mother Rússia was Queen and daughter
Toda vez na mesma mesa superlotada
A periódica de todas as possibilidades
Desde o acordar bem tarde e satisfeito
Até o cintilar de uma espada em punho
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ESPEREM

Vocês, cientes, sentem?
Essa habilidade de ser sentido
Como quem quer que seja, crente
D´uma ofensiva branda mesmo que ruja
De respiração em névoa ao frio, rio, amor e quantos eloquentes
Tanto tem quem lhe agrada em um segundo como quem chega
Essa é a vida sua, minha, nossa, é a poesia plena de palavras
As sequênciais ao som do sopro livre
Uno, majestoso, próprio
Quem vos fala
E mostra
Eu, Sou
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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

COMO ESTÁ

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A ver navios cheios e vazios
Cruzando pontes velhas e novas
No trampolim alguns assentam
Outros empurrados aos tubarões
De chuva nada, só pingos no vento
Leões nas ruas, avenidas limpas
Risos que não saem atrás do siso
Choros que ninguém aguentaria
A tirar fitas de unhas com os dentes
Colecionar sono em tardes quentes
Trocar frases entre Paços e Palácios
Longe mas presentes na mente
Com lembrança da cigana de Braga
Que dissera que a idade me espera
Logo sigo o rumo a ela com a sorte
De uma casa que me aceita pobre
Ainda que um grito mudaria tudo
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quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O EIXO ESTÁ CENTRADO

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Há muito tempo não lembravam - os mais velhos - que a esquerda apela imenso. É inevitável fazer uma semelhança àqueles fanáticos chatos que se empolgam antes da volta completa do relógio. Os novos militantes aspirantes novamente preocupados a fazerem parte do poder, os contrários, parecem ter passado por uma lavagem cerebral que foi capaz de formá-los à distorção de tudo, alienados ao embate cívil, ignorantes à verdadeira essência força dos militares, dotados de uma diplomacia doentia sem pronúncias que fixam, ínfimos de qualidades. Chamaria-os de ranzinzas, mas este é um apelido clássico aos clássicos. Talvez se acalmem - os novos e os velhos das partes dentro e fora do poder - ao saberem que esse poder de massa, mole, não chega aos pés histórico construído do poder esperado para continuar desde os tempos passados, real.
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LETRA VALE

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A Olimpíada quando una é singular
As Olimpíadas são conjuntos d'outras
Na história existem marcas diversas modificadas
Como gente que voa debaixo dágua
Essa moça mata a bola na coxa fera
Essas regras todas existem para o equilíbrio
Muitas formas corpóreas manifestam simples
Abstratos belos impressos com os membros
Esses jogos são marcas, pois, no tempo
Como fogo em caldeirão de energia, alimento
Já que o sol mandante brilha todo dia
Eis o intelecto do ser humano magistral
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

DOM KISSHOT E SANTO PANÇA em... TEOREMA DA LEALDADE

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Santo Pança esqueceu de Dom. Kisshot passou tanto tempo longe que seu escudeiro passou a venerar cavaleiros baços entre outros iludidos de brio. Perto de Dom, Pança, parece envergonhado e perdido. Vocês estão entendendo? Dom é um, ele é o Kisshot. Pança é outro, ele não é Santo de fato mas tem esse nome por causa do seu primo Sancho. Dom é um aventureiro e ele é apaixonante. Ele é apaixonado. Não por Pança, que é seu escudeiro e "fiel" amigo de origem, mas por Dora Té, que tem nome de chá. Mas Kisshot havia sumido. Percorreu sozinho um deserto depois que Dora não lhe abriu a porta. Passou por mil aventuras que com o tempo o autor vai descobrindo. O fato é que Pança não reconhece Dom. Dom não encontra Dora. Dora voltou a beber chá. Dom irá embora para encontrar Dora. Dom está sozinho e Pança desarma Dom.
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domingo, 7 de agosto de 2016

FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS

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Meu último tutor era pacato. Vivia numa cave que de vez em quando saía. Falava comigo enquanto percorríamos para norte, para a divisa do rio. Ele falava sobre a caverna de Platão. Eu ouvia enquanto a paisagem de fora da nave (carro) movia. Sentia a atmosfera galega como uma névoa matutina fria que paira contínua mesmo em outra hora do dia. À beira rio, mirando o traço de uma extensa ponte branca com os pés de suas colunas a meio submergidos, eu estava dentro de um cenário constituído por uma montanha de pedras antigas, uma estrada milenar de cavaleiros e peregrinos e um forte castelinho que centrava a Vila, com casas, vinhos, brasão de armas, damas, até uma via duplicada paralela de ferro onde rodava uma maquinaria pesada que tracionava um comboio. No cenário que me circundava também constava o céu, a terra, o próprio mar na boca do rio, os barcos, os peixes e seus cristais do meu estudo, as gaivotas, todo o sul e toda língua portuguesa. Eu estava fora da caverna e continuava a formação em filosofia, ciências e letras.
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RELATÓRIO

TESTE
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Ponha a boina à testa
Digo adorno à cabeça
Bem segure os pelos
Para os outros tantos
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XINGUE
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Um protesto interno
Um escarro do escárnio
Negue o sopro, a visão
E ainda assim quererão
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PEGUE
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Tudo que paga antes, teu é, se és
Bases e panos que vestem peles
Gentes que voam com um sopro
Outras pesam o cobre dos canhões
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HAJA
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Numa quina acima brote
Noutra quina abaixo beba
Numa quina destra lança
A esquerda que te protege
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sábado, 6 de agosto de 2016

VAI VIRAR POESIA

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Uma metade toda gira
Outra num eixo equilibrista
Essas reuniões da vida
Concentram confrarias
Onde palavras são mestria
Passos são sinais de expansão
As horas é (são) o tempo no espaço
Compasso onde surgem as canções
A liberdade é matéria prima que respira
No coração daqueles que são bons
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quarta-feira, 3 de agosto de 2016

NO MEIO DA PONTE

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Esse clima frio trouxe mariposas para o meu quarto. De madrugada uma estava camuflada sobre a escrivaninha. A luz acesa fez com que ela desaparecesse num passe. Ainda que a procurasse não encontrava nem sob nem sobre a cama. Então pensei que talvez fosse um elemental e bem podia ter sido. Eu não durmo muito tempo contínuo e antes de tentar mais uma vez ouvi uns toques no violão. Lá fora a chuva arma há dias. As manhãs são cinzas, ao meio dia vem o sol e no fim da tarde as nuvens trombam mas não caem, ainda. Os homens colocam fogo nos pastos secos e o vento traz fuligens negras para a cidade. Também por isso um lagarto amanheceu imóvel no fundo da piscina rasa. Quase todo dia zarpa um barco rumo ao velho mundo. Sei porque ouço os pássaros cantarem diferente toda vez que os navios apitam avisando que chegaram. É verdade, o trem não passa mais na estação e as sirenes das fábricas não as ouço me chamarem. Contudo, escrevi uma carta clássica aos capitães. Eles leram e entenderam que eu tenho um elo perdido que deve ser encontrado. Nesta terra? Só Deus sabe. Nesta vida? Se houver tempo. Geralmente tenho a sensação que este mês sempre passa muito devagar. Faz sentido para quem quer viver de frente para o mar mas está entre montanhas de árvores gigantes. Também tenho a sensação que o mês 10 sempre passa mais rápido que qualquer outro e isso faz todo sentido para quem quer chegar à foz dos rios, a saber que são doces mas têm gosto de sal do início ao fim dos ciclos.
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ARQUITETURA

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Acordo
Dias passam
E eu não sei parar
De procurar um lugar
Único onde eu possa me fixar
O passado me chama de volta
O futuro foge da vista
O tempo não pára
É o presente
Vou lá
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MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...