segunda-feira, 31 de outubro de 2016

CONVITE PARA O CONFLITO

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Coitado do caretasso de sotaque
Namora a irmã do palhaço de peruca
Ela não é boba só porque é bonita
Ela vacila porque esconde a canjica
Aposto que o dono da tasca a patrocina
É claro que não me chamam, não tenho grana
Mas eu tenho a salvação na beira do rio
Onde a névoa sobe entre as árvores
Juntamente com o pio, um fino explícito
Acompanha um ronco grave inteligente
Essa gente acha que me aflijo
Quando perco a chamada do trem ou navio
Mas mal sabem que não indo
Eu não levo nada deles ao vivo
Nem de bom, nem de mal, seus vazios
Para mim é como fazer o câmbio num bar
Deixo as unhas, uns rabiscos e vou, até já
*

O VELHO DA TORRE UM TANTO MÍSTICO

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O velho da torre chamou o aprendiz
Chegou à janela da torre e com um lançamento atingiu-o
O aprendiz passou muito tempo em busca de ensinamentos
Subia correndo as escadas em busca de respostas do mestre
Então o mestre resolveu recompensá-lo
Deu-lhe um instrumento que servia de ferramenta
O mestre foi rígido ao dizer para cuidar perfeito
Das crianças que poderiam brincar fortes
Desde cedo conduzidas a usar bem sem danos
Aquele instrumento que era um aro extremo
Uma chave importante que abre e liga um circuito
De milhões de portais que completos ligam pontes
Entre o mundo perceptível e as parabólicas da ilusão
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domingo, 30 de outubro de 2016

SELO

Mapa Império 
Controle d´águas
Doce e sal
Carne, sal
Frutos, doces
ET AL



MANUAL DO BITUCA

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Quando as cigarras começam a “cantar” às 3 horas da madrugada, numa sequência que aumenta até quase um frenesim sonoro é sinal que o dia vai ser quente como um raio. Noto, porque à essa hora estou escrevendo muitas cartas para o lado de lá. Todas elas são enviadas e todas elas hão de incitar as respostas a voltarem. As cartas falam de idas, de águas, da terra verde, do sangue (parte), falam dos bichos, falam dos homens e o que eles fazem e o que eles não fazem. É interessante porque aqui à essa mesma hora os músicos da cidade param de tocar e cantar. Quando param não tocam mais, cansados, pois, tocam para ganhar. E ganham. Mas não ganham a ousadia de tocar mais que podiam. Poderiam motivar as esquinas, toda a avenida, juntar o transeunte sem grana ao garçom que lhe serve sem som e um tímido gaitista. Poderiam até derrubar uma árvore no frio para picá-la e tocar fogo, poderiam até serem naturalistas, naturalmente nus em noites quentes. Iriam cansar mais e dormir mais, iriam marcar mais, impactar mais, sem ganhar mais, sendo apenas autênticos artistas. Como as cigarras cantam até o meio dia e por isso são notadas nas cartas que vão dia após dia.
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sábado, 29 de outubro de 2016

PARA CONTAR (Isto é uma ficção)

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Certa vez encontrei com o Gigante
Ele estava numa avenida do futuro 
Mais perto dos núcleos alimentícios 
Numa casa paralela à outra avenida
Do poder resoluto desse encontro
Descobri o que o mestre queria ouvir
As aventuras de quem estava ali
Para virarem cenas extensivas
Esses atos respondem perguntas
Primeiro, histórias são vivências
Para depois serem transmitidas
E por fim serem benditas (benéficas)
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IMAGINE

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Uma poesia que mude meio mundo
Por essência de entendimento a todos
Desde a tomada dos Planaltos todos 
Às Amazonas, rios quentes de vida
Conseguir com um tanque apenas
Ou letras explícitas ou sopro só
Isto é um índio de formato corajoso
Bem capaz de conectar o pensamento
Numa teoria que reúna os professores em salas
E expliquem-lhes! Por favor, expliquem-lhes!
Que é mais fácil difundir um pensamento organizado
À massa executante da recepção
Justamente atuantes com a capacidade que possuem
Óh, professores! Imaginem-nos como líderes
Para moldar infanto-juvenis a tornarem-se adultos
Esta é a revolução escrita exemplar às anteriores
Funcional, não paralítica ou regressiva
Anarquistas tiram pedaços, não plantam
Findam, estas são uma solução progressista
Melhor será reativar as linhas férreas
De norte a sul do Brasil em vias de abundâncias
MIL
Esta decisão ultrapassa a necessidade
É de fato o que deve ser feito
Imaginar e realizar
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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A CURA

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Estava com uma dor na nuca
Já que sou um pouco corcunda
Dormia até de cabeça pra baixo
Pensei até que fosse macumba
Agora pouco o céu ficou pesado
Então a dor passou porque caiu a chuva
Também acontecia com a tartaruga
Ela só aparecia para anunciar a água
Mas o quintal não tem piso selvagem
Isto é um sinal que estou de passagem
Pois o teto quadrado ainda está aberto
E eu preciso sentir a água do mar
Para o sal renovar-me e purificar
O meu amor terreno que irei reencontrar
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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

CONFISSÕES DE UM PESCADOR

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Avisa lá na Central que há brasileiros demais além da fronteira. Ah se Galileu soubesse que a fácil liberdade da ciência hoje é tão mal patrocinada por um combustível negro capaz de esgotar em 100 anos só por causa de viagens de lazer dentro desse globo. Responda-me, por favor, CNPq e CAPES, sem rodeios, com gráficos e cabeçalhos, quantas pessoas foram para fora do país com intuito de formarem-se, desde o início da sucção da piscina debaixo do sal? Quantas voltaram? Com o quê dentro dos canudos? Quais teorias defendidas e aplicadas desde já para o bem dos nossos netos? Eu já contei essa história, mas tenho gosto de reforçar os capítulos. Início: Eu saí em 2003 após longínquas experiências voluntárias em parques e reservas ambientais do Brasil. Tive que vender rifas de uma geladeira para angariar a passagem, a primeira. Além de receber a cortesia de um teatro e a dádiva de uma “fábrica madrinha”. Fui para o meio do Oceano Atlântico Norte e além de ter concluído o curso – fator principal da minha saída – sem qualquer bolsa (financiamento) do governo, ainda andei a pescar peixes dentro da boca de um vulcão. Apenas 4 toneladas. É verdade que fui contestado pela alma de um amigo, que Deus o tenha, mas entendo, é porque eu tentava caminhar em alto mar e na verdade era mais fácil jogar bola aos finais de semana. Mesmo assim fiz um relatório quase único, pois atípico, meu relatório foi filmado em mais de 10 horas de gravações que congelaram além de ciência a cultura local. Na defesa do estágio já no fim do curso deram-nos, aos finalistas, apenas 15 minutos para concluir o trabalho de 3 meses intensivos. E a minha introdução, acreditem, tinha tudo a ver com o Dom Sebastião. Logo consegui explicar apenas essa parte o que me rendeu a aprovação. Beleza. É verdade que meu tutor zangou-se comigo por eu ter roubado o jipe para sair com uma russa, mas também se alegrou comigo por eu ter reunido a malta para comer os peixes que virariam biogás. Depois então eu fui pra terra firme e migrei em duas Universidades onde numa eu perguntava tanto aos professores que um decidiu me chumbar. Tudo bem, era genética e esse não é o meu forte, exceto o fato de ser um sobrevivente da procriação dos meus antecessores. Isso me renderia também a média, não acham? E de fato existiam outras Universidades em Portugal. Decidi ir para a Invicta, mas ali só teria teoria, nem mesmo tanto Piolho (Bar) enquanto as minhas práticas eram feitas na Galiza. Vocês estão seguindo o trilho? Eu não tinha bolsa alguma. Eu já tinha uma cria! Na Galiza eu abria as cabeças dos peixes e extraía cristais. Tá tudo registrado para maiores informações, caso alguém desse país ou daquele precise de alguém que saiba sobre peixes. Ora, afinal essa é uma confissão de pescador. E hoje estou aqui, nesse país com 27 capitais mais as outras grandes cidades, com litoral, interior, e tá tudo uma zona (bagunça) só. Os professores estão colocando minhocas nas cabeças dos estudantes, e as minhocas são iscas de peixes. Os peixes, que são muitos, mas digo os peixes grandes, no sentido figurativo da palavra quero dizer os políticos, estão sendo pescados, mas parece que reproduzem mais que a sua mortandade. Chego a uma conclusão de stock. Vejo aquários gigantescos, com a estrela de Davi, com ícones de partidos cheios de lampreias (parasitas), que pagam a ração aos funcionários, vejo rios secos, sujos, fedorentos, um calor do inferno e é por isso que, ou caio na água e luto como um Netuno ou voo para além da fronteira, para a tal Pasárgada.
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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

O IMPERADOR E A SUA PEDRA FUNDAMENTAL

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É tão fácil saber 
Que ao nosso redor
Tudo é parte do Mor
Sabe-se sendo simples, assim
A viver em contributo prima
Numa frente certa una
Meio à natureza pura
E a humanidade em evolução
De um Império belo e vasto
Conhecido como o Quinto
Onde a riqueza somos nós
Nossa alma e nossos atos
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domingo, 23 de outubro de 2016

TUDO NO PASSO

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Eu levo sempre um punhado
De toques que são sons soprados
Na boca e nos dedos que abrem caminhos
Até chegar numa muralha maciça
Onde vejo a porta que me leva às calçadas
De pedras abstratas dos Paços lusitanos
Assentado, vejo a aorta da cidade
Um rio raso molha as asas de uma pomba
Outro rio molha as canelas de uma garça
Sem ouro no bolso, mas o céu como teto
As palmeiras são colunas que oscilam no vento
Enquanto falo com um mestre pacato
Sobre o Império que está marcado
No selo da alma de quem se revela
Para alegria máxima de quem acredita

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segunda-feira, 17 de outubro de 2016

CRÔNICA: AS CARTAS QUE AINDA NÃO FORAM

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Logo na saída as portas avisam 
Enquanto portões se abrem na chegada
A noite estava quente e a lua oval 
O comércio semiaberto preparava
Um sucesso para o dia de amanhã
Uma vez que a grana é uma sina
Para aqueles que acreditam mais
Que a sua posse não é um fracasso
Tanto é que na descida da praça
Um pediu-me alguns centavos
Mas com certeza ele sabia
Que os templários morrem sem nada
Isto é, com a alma limpa, lavada
Já outro, louco, alucinava
E eu com minha chave rezava
Para que algum cruzado o levasse
Pois estes sim morrem com muito
Mas na verdade isso não adianta nada
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domingo, 16 de outubro de 2016

PARA MINHA SALVAGUARDA

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Estou correndo para ajudar a todos
Falando a verdade estou fugindo para além mar
Onde os monstros marinhos não me pegam
Os covardes nada cravam em minhas costas
Estou rodeado de remédios por toda parte
Os mais velhos estão pirando, estão pirados
Há um indignado com a bola no gramado
Mais que com os que aram os campos
Mergulhado em álcool vomita éter
Quase tudo cai no chão e some num negro buraco
Há outra que morde a própria língua e gosta
Tanto que é uma viciada em quebrar elos 
Então eu vou correndo para ver a forca
Meço bem a altura da ponta da lança
Prevejo fácil o futuro dramático dos maus
E estou completamente protegido
Por uma fagulha que se chama Deus
*

TAROT

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De vez em quando a cigana mostra
Meio à natureza e as nuvens do céu
As linhas pré feitas do nosso destino
Ela mostra o quão despertam as vias
Dentre tantas a da vida, a da sabedoria
Ainda que fosse quiromancia ou runas
Ainda que fosse presente a própria magia
A loucura pode ter uma aceitável teoria
Se pensarmos que já vivemos mais que devíamos
Talvez fosse uma estratégia controlada
Pela própria majestade do indestrutível
É justamente aí que carrego toda a energia
*

QUE HAJA SEMPRE O QUE É BOM

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Concordo com a exposição do que é bom
Discordo da “desprodução” da essência d´artes
Imagens podem ser mais que, ser além, pode até ser som
Eis a escada do plano da ideia escrita conjugada para a realização
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sábado, 15 de outubro de 2016

PÓS DIÁLOGO COM O EGO

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A sua sorte é tu seres meu pai
Tal qual eu ser teu filho
Como comer, beber e respirar
Como alguém ileso à qualquer preço Máximo, abstrato, sonoro
Só por ser, literário
Ainda que a matéria tente
Estar fundido ao Tudo
Poder estar em qualquer parte
Reconhecível pela face
Tão constante e verdadeiro
Ao mesmo tempo pertencer ao Todo
Isto é permanecer no Sempre
Infinito além dos ciclos simples
Como morar em Lisboa
Frente ou lado ou sobre o Tejo
Viver para ampliar o Império
Só por artes muitas e única
Capaz de decepar demônios
E fazer das asas de um anjo
Uma espada Santa em ouro
Em pele forte e sábia
Que finda a ignorância
*

domingo, 9 de outubro de 2016

PARA SER MAIOR

*
Que coragem a minha
Dizer com peso, fulo, puto 
Que o antigo “Dono da Casa”
Cedeu o território inteiro
Ao povo todo misturado
Uns dizem que no dia ele sentia
Dores de barriga, euforias exageradas
Outros dizem que ele amava
Sua própria vida e as que o pressionava
Que era em cima de um burro
Que palitava os dentes com a espada
Depois um grito pariu o progresso
As estradas foram alargadas
As cidades de concreto subiram
Rios que não secaram os poluíram
Nos palácios utensílios não usados
Mas que coragem a minha
Fumar palha como comer milho
Beber latas como se fossem taças
Soprar flauta na frequência exata
Consciente frente aos olhos da massa
Crente na certeza que o mando absoluto
É um conjunto de peças raras
Que estão algures dentro de uma mata
Destinada a um único iluminado
Que uma vez nascido sobe uma escada
Capaz de suportar o peso do poder imaginável
Até ao ponto de mandar navios cheios
De matérias vivas ou inanimadas
Para toda costa que se fale a Lusa
Mas que coragem tão astuta a minha
Dizer que o pensamento é um trabalho
Dentre todos os pensantes o que assentado age
Até mesmo de braços cruzados comanda Bandeirantes
E vive ileso bem no meio fio de dois lados
Um lado é o mistério da existência, a gênese
Outro lado é a consciência do destino, o máximo
*

sábado, 8 de outubro de 2016

A PRAÇA

*
É um quadrado aberto cinza
Margeado por árvores majestosas
Com casas e comércios cheios
Onde o sol raia diferente e forte
Sobre cucas que pensam no Mundo
Abastecendo ideias ousadas
Aquecendo velhos e crianças
Ali passam estudantes e viajantes
Namoram magricelas, novatos
Moram araras, corujas, pombos
Na praça dormem bêbados de dia
De noite pastam bestas brancas
De tempo em tempo enche dágua
Dois rios estão bem ao seu lado
Vê-se os pastos nas montanhas
Nesta praça mora um caminhante
Que é amante d'ondas do mar distante
Parte quando chega e volta quando vai
*

O SUSTO

*
Você vê todo dia a pessoa comer, veloz
Por causa da hora sistemática da grana
Na maior passividade digna de “minutos-santo”
Ainda que peque em escolhas como todos nós
Tomba como uma torre sobre seus amantes
Depois de rir ou chorar, sei lá, com Deus e o diabo
Se ainda avisasse como um tornado que atropela
Talvez não causasse tanto espanto por uma só vida
Tão importante que a mulher levanta-o e o filho iça-o
Para nós novamente, como nosso, pais e irmãos
A vida tem a irritante forma de lembrar a morte
Quando transforma sorrisos altivos em emergências
Atos, palavras e até pensamentos são armas
E por isso que nosso escudo tem que ser polido
Para que o mal bata, não agarre e reflita
E se pulverize no fogo que o Mestre tem
*

sábado, 1 de outubro de 2016

SOB AS BARBAS DA AVENIDA

*
O som vinha de dois lados
Qualidade que trilha a vida
A via de pedra molhava
Paralelepípedos pareciam prata
Não se via carros com sirenes
Mas “sambulantes” que alarmam
Gentes de todos os tipos
Tipo cabeça, tipo atraente
O sopro metálico do negro
Um índio matuto, o flautista
Pobres alienados com política
Exaltados, confusos, partidos
A chuva tinha um cheiro raro
Era um cheiro libertário misturado
À alegria de estar entre árvores gigantes
E o amor por uma terra distante
Todo sistema tem um formato
Dentro do mesmo os participantes
Não concordo com tantos apoderados
Quase todos são desgovernantes
A morte talvez fosse a solução
Já que a independência calou a soberania
Cabe a mim o que me resta
Saber, palavra, corpo, alma e coração
*

O PENSAMENTO NATO

*
É aquele que existe de fato
Entre cordas dedicadas
Do darma inevitável
Isto são provas que o abstrato
De todos os pensantes
Pode estar misturado
Em meio à sociedade
Totalmente utópico
Além da forma física
Nem as cores vivas
Chegam a próxima
Máxima do ser Supremo
Que finda e gera vida
*

MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...