As travessias anteriores de dianteira firme cravada nas
pontas das calçadas da cidade, cansara meu corpo que agora no abrigo da estrada
está em quina, esquina do descanso voluntário, ao lado da defesa das matas,
Vilar do Pinheiro, lar de combatentes do fogo. A companheira solidão. As marcas
do passado reveladas na lembrança dos dias quentes. Saudade imensa da pequena
criação que aprendia a minha companhia. Vai ficando o peso, desvanecendo as
mágoas. O som dos pássaros no meio das florestas. O campo cansa, o corpo age, a
mente limpa. As pernas ficam fortes. A anca afina os lados. A pança perde o
álcool. Os pés desviam pedras. As pedras alavancam os saltos. Constata os olhos
a terra. Riqueza gigantesca! As árvores têm muitas formas. As serras
escarpadas. O som dos camponeses com as roupas da natureza. No caminho acordo,
durmo, lembro, oro, toco, falo, escuto, cresço. E de alguma forma bem no meio
do caminho encontro seio, vida, dama, beijo, ouro, espada e existências que me
levam a percorrer novamente um caminho novo. A estrada da vida é plana. Porém
possui buracos, que cheios d`água são poças ultrapassados com saltos, montado.
A estrada da vida possui pedras que fixas sangram os dedos e soltas rolam
montanha abaixo. Na estrada da vida sorris de alegria hoje com a entrega do bem
a alguém mas choras amargo também com a decepção egoísta de outrem. O por do
sol em Portugal tem um amarelo como o dia limpo. Reflete espelhos cristalinos
em muitos rios. Na ponta, copa, está a clarear verdejantes pinheirais bem no
cume da fronteira. O sol se põe extremo e a Europa inveja o velho mundo
iluminado por mais tempo e amando fica esta terra. Como prova um suspirar de
toda inspiração da natureza.