segunda-feira, 30 de novembro de 2015

CORTE REAL

*
Faz barulho enquanto ativo tenta
A consorte nobre de um sono ao lado
Na mastigação cerrada de quem pensa
Maceradas frutas férteis de uma Quinta centrada
Viram pó, sementes, ossos, grãos
Atė o pingo d’água cor em tela queima
Renovando o sol pelo galo anunciado
Tão ciente dos pedaços todos pertencentes
*

SOL


*
Aquecedor aparecido no tempo decorrente
Onde o tronco livre é o natural pudor
Páreo ao trilho que escorre mercado rias
Desde rios, terras, desde maresares
Fácil abstrato em punho constantino
As torres comunicam enquanto os sons produzem
É o canto libertino, é o pio d’ordem Benedito
*

domingo, 29 de novembro de 2015

PEREGRINO S.F.F.

*
Bem debaixo do meu passo forte
Existe uma fé em cada pulso rítmico
Que em meio ao caos percorre ao céu
Completamente em paz com o eu real presente
Porém garras são vistas como gravações d´observantes
Em solo onde o leão passa com o peito à frente
Protegendo gentes simples, patrícios e exóticos
Ao sabor do azeite do peixe que serve o ânimo
Para ser fundamental durante a dádiva da vida
*
Peregrino S.F.F. 

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

CERTEZA

*
Procuro uma razão para estar aqui
E acabo por encontrar muitos sentidos
Alguns são tão rápidos que já sumiram
Outros aparecem enquanto ando tranquilo
Pode ser a atmosfera literária que em mim fixa
Ou a parede científica que escalo na Academia
Pode ser o fascínio por um berço luso lindo
Ou o sangue já corrente num corpo d´ouro longínquo
Não se importam as ondas ou os ventos comigo
Mesmo que declare poesias delirantes a estes domínios
Não se importam os doutores com os mestres distintos
Mesmo que os mestres tragam fórmulas do infinito
Em três salas faço um quarto e nesse quarto um abrigo
Meio que ausente por andar com uma bandeira às costas
Pronto a retalha-la sem feri-la ao reparti-la
Eu queria saber o fim da história agora
Mas suspeito que o fim é o mesmo que o princípio

*

MURTA

Há um chamado
Que traduz felicidade
Em prima é a esperança
Que clama perpetuidade

O chamado
É um dito às belas moças
Que apanhem suas flores orvalhadas
E declarem as verdades do coração

Esse grito
Ouvem os mais apaixonados
Praticantes gloriosos dos ritos naturais
Como a árvore alimentadora duma nação

É o grito
Do sinal que o amor achou a Dama
Pois assim a Dama gera reis
Guia luz do povo em aro português

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

SEBASTIANISMO X

*
Vocês precisam saber 
Que a fagulha acende o fogo
De fogueiras que aquecem
Nos mantendo a noites quentes
Que a neblina esconde o passo
De quem dá a própria vida
Ganha o Paço da Tradição
Que o terreno é o mais belo
Pela língua, corpo e alma
Pertencente a Dom Sebastião
*

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O COURAÇADO ENCOURAÇÃO

*
O maior barco foi afundado
No amargo mar da revelação
Não chegou a tempo ao porto
A conquista venceu o navegante
Ele vinha de Marte para Vênus
E trazia antigas histórias reais
A brisa uniu outras velas
Tormentas isolaram o errante
Em ilhas distantes se encontra
Vivente a construir outro cais
*

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

QUEM É ELA?

*
Está sobre a cuca
Vem porque vim
Presente pra mim...
E porque sempre vem
Transborda amor e paixão
A esfera de todo mês
Me ama como a São Jorge
Mesmo que eu fosse D. João
Faz ciúmes à ribeira
Quando de dia aparece
Os peixes se agitam
As aves voam rasantes
As marés ficam mais vivas
Lambem as canelas das pontes
Não vejo a “Ana”, ainda
Estou fora do Castelo, agora
Mas a lua cheia me enche
De força e coragem vibrantes
Pois venero-a em verdade constante
*

domingo, 22 de novembro de 2015

RISCO

Ser sebastianista em pleno séc. XXI
É viver próximo ao dia do retorno
Mesmo que visto como lenda antiga...
Melhor que acreditar no próximo governo
Ainda que assuste a menina que cortejo
Por outro lado são atentos os bons ouvintes
Sobre a profecia da manhã de nevoeiro
Poucos, raros, como Pessoa, creem no .V. Império
Sorte a minha propagar a vindoura boa nova
E a vossa sorte é a consequência minha
Baseada na antiga sistemática de união lusitana
Vem de longe alguém capaz de ir audaz
Numa mão escreve o mando certo a todos
Noutro punho reduz a guerra em grandiosa paz
Traz as marcas místicas no corpo inteiro
E no peito o amor de um leão feroz
É um peregrino de inabalável fé constante
Um cavaleiro nobre protetor do Mundo
É um navegante de mares que entram em rios
El Rei vivo com sua alma brilhante
 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

ASSALTO AO CASTELO (Sebastianismo)

*
Ele estava fechado sem chave
O sol deitava no mar a frente
Eu subia as ladeiras às pressas...
Mas tenho a palavra passe
Então ele foi “assaltado”
Pelo céu que invadia com o frio
Pela lua à metade no espaço
Na noite que persegue o dia
Quem pensa: “Aquelas são as muralhas”
Engana-se, pois começam no fundo do mar
Estendem-se em ilhas vulcânicas
Encostam nas praias desertas
Em cais onde atracam cruzeiros
Na casa da Dama que aguarda
Até os corações daqueles que esperam o Rei
*

FOGO

*
Há muito tempo não choro. Chorava de saudades. Das lembranças de uma menininha que não vejo mais. Chorava a ponto de desfigurar o rosto. Encharcava, literalmente, o busto. Doía a moleira. Mas há tanto tempo não choro que cheguei a pensar que a dor acabou. Na verdade todo mundo sabe que a dor é passageira. Assim como vai, volta. A dor é irmã das alegrias da vida. Por isso hoje chorarei quando partir. Mesmo que esteja indo aventurar nos braços das descobertas. Vou me des...pedir da família. Das crianças da casa que me atinam para o tempo que ainda temos para brincar. Deixarei a cidade, os amigos, as paisagens. Deixarei a Pátria mãe gentil. Deixá-la-ei quente, seca e violenta. Deixá-la-ei bela, grande e esperançosa. Vou cruzar o mar com medo de voar, por gostar mais de andar, navegar e até cavalgar. Ficarei exausto e ao mesmo tempo leve após chorar. Meus olhos estarão limpos de um colírio sal ao natural. Eu estarei parado e ainda assim a caminho. Mil pensamentos chegarão a vários lugares. Meus pés impacientes jus de peregrino, minhas mãos prontas a produzir e meu coração já veterano de sentimentos, estará pulsando como um recém-nascido. Porque chegar àquela terra é chegar ao lado de lá. É como dormir no sul e acordar no norte. É como ver portas abertas na linha do horizonte. É como empreender uma cruzada para acabar com o terror. É como apaixonar novamente por uma linda mulher para com ela aumentar as alegrias que nos farão sorrir, e diminuir as tristezas que ainda tivermos que passar.
***

TAPA

*
Cedo durmo
Preservado em vão
Acho a tarde ...
Em braços ocultos
Enquanto isso ando
Sem feixes de luz
Rumo a um farol novo
Pois meus amores morrem
Num piscar de olhos verdes
Nas frestas dos dentes brancos
Nos compridos cabelos loiros
No triste fim de ano
Quando eram para ser imortais
Justamente na cidade invicta
Mas do mesmo jeito renasce
Quiçá em outras quintas
Ali na cidade dos Bispos
Onde escadas me lembram
Alguém que não me viu
Do mesmo jeito que a vi
Por isso não me quer
Do mesmo jeito que a quero
E não me terá, salvo
Enquanto não me quiser
*

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O “REIDENTOR”

*
Mais uma vez o aprendiz subiu as escadas do Velho da Torre. Na verdade a Torre é uma herança material do aprendiz. Enquanto os ensinamentos do velho é uma herança intelectual da humanidade. O aprendiz estava indignado, como quase sempre. Afinal sua vida é um lago, ora vezes cristalino, ora vezes lamacento. O velho é uma espécie de filtro de um chafariz (que são os atos do aprendiz) onde a água deve ser jorrada pura e consumível. O aprendiz subiu as escadas correndo e comentou com o velho:
- Mestre, hoje um oriental comprou um anel no valor equivalente a 100 escolas. Isso não pode ser justo. Estou indignado inclusive com o destino, o karma ou que quer que seja que dita as regras dessa vida. Como pode um homem gabar-se com uma pedra, enquanto crianças não sabem ler nem escrever? Já não basta ver os palácios cheios de falsos líderes, gananciosos, malévolos e malfeitores da sociedade? Ver ainda homens com poderios materiais individuais serem referenciados publicamente como detentores de minerais valorosos leva-me a interrogar os espíritos superiores, os santos e os iluminados de outrora, o que eles fazem contra isso?
- Meu bom aprendiz. Indignar-se contra os superiores espíritos não irá resolver a situação e ainda rebaixará você ao patamar daquele oriental que comprou a pedra mineral por milhões. Os espíritos superiores já fizeram seus afazeres e não podem intervir no presente imediato, exceto se encarnarem ou estimularem de alguma forma as pessoas a executarem atos contrários a essas tendências materiais. Venha aqui, olhe pela janela o Cristo Redentor, no alto daquela montanha. Ele está lá de braços abertos, ileso, imune, inerte... E ao mesmo tempo é CAPAZ de ser uma referência para você mexer esses braços e dar melhores exemplos contrários aos que te indignam. Você conseguirá mudar a história ao decidir ser e agir, ou como um bravo rei que abdica de anéis de ouro por anéis de madeira, ou, como um pacífico educador redentor.
- Sim, mestre. Eu serei um REIDENTOR!
***

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

ENCONTRA-SE ENTRE TODOS

*
Entre os sátiros e boêmios
Entre muitos outros gêneros
Em meio a todas as classes
Sem saberem serem súditos
Bem perto dos que lhe tentam
Sabendo o que é que lhes matam
Brotando dentro dos que lhe amam
Produtor de atos imperialistas natos
Surgidos na sinapse cerebral instantânea
Lido pouco mais que a totalidade dos sábios
Por traçar nas superfícies suas artes fascinantes
É merecedor de banquetes não desperdiçados
Mas é fazedor de tortilhas aos seus convidados
Eis que se encontra a proteger a cuca (cabeça)
Num inverno norte que lhe agrada como a seda
Onde fios dourados esquentam em cruzes de lãs
Entre a hoste dos que reivindicam dias melhores
Em meio e como os trabalhadores que remam o barco
Encontra-se, entre todos, um simples homem apaixonado
*

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O CORAÇÃO DA LISA

*
Vou passar na Capital
Lá ficar em meu quintal
Dias que trarão futuro
Sobre a colina do Castelo
Frente ao rio grande
Sob a capa da ordenação
Sejam elas espada e pena
Com certeza vou rever
E serei revisto como tal
Qual quem foi e desapareceu
Mas voltou vivo como sinal
Para consagrar a profecia
Melodias nas praças d´artes
Cheias de bornais dos caminhantes
Boinas, turbantes, raças misturadas
Essas coisas aconteceram a tempos
Isso tudo acontecerá novamente
Das poucas coisas que preciso
Preciso que você me espere com vontade
Fiel e crente para ser meu par presente
Porque o destino é um trabalhador incansável
Ele vem construindo uma união estável
Entre o amante máximo deste solo sagrado
E a mais certa de todas as femininas beldades
AL
***

sábado, 7 de novembro de 2015

BROTHER

***
A mistura de calor constante e insetos hematófagos dá a sensação que estás dentro do inferno. Ainda mais se vês um episódio de “The Walking Dead”, em seguida sente-se mais apto a eliminar essas pragas enquanto suas como um condenado. E se algum FDP te morde, então sente-se mais motivado ainda a exterminá-los. Na lista dos serviços infernais ainda está a contraditória lentidão tecnológica. É possível contar aos reunidos "beatniks" que antigamente, antes às máquinas, um ser humano podia imaginar que existia outro ser humano noutro ponto do Planeta Terra tal como hoje podemos imaginar haver vidas no espaço sideral.

ONOMATOPEIA

*
Tradução SOM
CONTÍNUO 
No espaço
Como Zum
AUM
"Parati solare
Imana iê oh êh
Ah oiê"
Tanto quanto
Absinto estar
Além daqui
É hora agora
De calma ao sim
Ser chama calorosa
O Rei com Dama
JAH é, já está
*

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

FIXA

*
Só te olhar fixa-me 
Impulsiona-me a ida 
Leva-me a guerra por si
Com a certeza do sim
A incógnita é sua por mim
Alguém escreveu para nós
Um sério mistério a dois
Juro que não inventei
E você nem respondeu
Então é o destino a agir
Você sonha com alguém?
Eu sonho de dia consigo
Vá à janela e encontre a lua
Eu já guardei o sol para te dar
Você não me matou ainda
Você me faz acreditar
Que tudo pode acontecer
Depois que a gente se encontrar
*

CASA


Não é fácil mudar o canal
É bem difícil desligar a vista
Sempre foi certo partir daqui
E nunca foi errado voltar para cá
Eu tenho poucas coisas materiais
Mas acredito que tenho Deus
E isto é mais que muito, é Tudo
Por ser fiel e amante da vida
Eu sou um cientista sano
Que experimenta o sim de 10
Misturado à negação de 1000
Que leva o corpo a conhecer a alma
E caminhando pelo Mundo transcendo
Eu sou alguém temido pelo amor
E desejado pelo exército da ira
Carrego uma montanha nas costas
E as águas refrescam os meus pés
Eu tenho uma filha linda na neve
Seus cabelos crescem e não vejo
Por isso voo como um leão alado
Para o outro lado onde devo reproduzir

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

CHEGAREI

*
No meio deste mês onze
No próximo fim de semana
Na cinza estação de São Bento
Sairei do salão azul e branco
Olharei a direta o carteiro de bronze
Olharei para frente o leão de pedra
Subirei a esquerda o morro da pedreira
Deixarei na Sé Catedral as minhas preces
Cruzarei a férrea e alta ponte D. Luís I
Margeando a muralha da invicta desde sempre
Cruzarei o Douro que encontra o mar ao meio dia
Olharei o Morro do Pilar onde nascem as neblinas
Andarei uma quadra apenas a Gaia que me lembra Maia
E na rua 1º de Maio pousarei para novamente recomeçar
*

terça-feira, 3 de novembro de 2015

RÁ BOCHECHA

*
Não imagina a minha estrada
Não imagina as casas que entrei
Saiba que você faz parte sem querer
Creia que é você meu ir além por querer
Isso é culpa nossa estar vivos neste tempo
Nada mais podemos fazer a não ser viver
Seu pescoço é uma tela branca, nova e quente
Onde vejo a mesma estrada como espelho
Liso, vasto, no sentido de ser visto e sentido
Em meio as cobras, gentes e aos leões
Um grão cacau, um grão café, maestria em graus
Milhões de pós destinam às suas bochechas
E infinitas canções se escrevem na pauta do seu coração
*

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

LEOA

*
Soa uma pose casta
Como que a casca da semente
De uma árvore reluzente
Lutadora ao bem geral
Pousa inabalável já que é boa
Na calma da fera que amansa
O impulso do bravo que chega
Conquistando sete mares
Em terras que anjos beijam
No espaço onde gravam cenas
De cores tão arcaicas como novas
Pois a união iguala a todos
Ainda mais os excelentes
*

DATE PAX TEMPLA

*
Desculpa, MAD MAX
Irei para Casa Blanca 
Ali em Alcácer-Quibir
ÓH! Em plena sexta-feira, treze?
Se eu chegar vivo a Lisboa, juro
Que subo o São Jorge e lá fico
E se ainda continuar solto
Fora do hospício, então, desço e sigo
De boleia ou nos trilhos
Rumo ao norte frio
Que talvez esconde a minha morte
Ou talvez guarda o meu amor
*

HEY, PARA ONDE VAIS?

*
Sigo caminhante
Vou por bosques
Caminheiro e natante
Vou a Trás os Montes
Ser quem sou real
Por celestina Dama
Que é quem é
Que me encanta
Desde a forma externa
Ao som do pulso claro
No seu equidistante ventre
Mora a nova história
Dora, Ana, para mim
A aurora é toda hora
Vigora tanto que mostra
Ser que predomina
Tanto pela capa linda
E seu esplêndido interior

*

domingo, 1 de novembro de 2015

O ÚLTIMO CONSELHO DO VELHO DA TORRE

*
Antes do próximo conselho 
É um conselho múltiplo
Eu te aconselho a acreditar
Em tudo que você vê a frente
Pois seus olhos brilham de energia
Nessa paisagem que você faz parte
Lembrando-se das glórias até hoje
Sarado das quedas do passado
Aconselho unir-se aos bons
Lutar sem medo contra os maus
Cruzar seja mil vezes o mar
Amar a sua cara menina metade
Até fazer um ser igual ao sol
Que continuará a formação
De um mundo belo e mais feliz
*

MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...