quarta-feira, 29 de março de 2023

VÔ NADA! EU QUERO É CACHOEIRA! E ASSIM VOU PARTICIPANDO. SACA SÓ:

Você consegue ver que uma bituca de cigarro e uma porta quando descartados nas ruas são a mesma coisa, poluição? Você consegue entender que existem logradouros habitados por (100) moradores mais transeuntes e visitantes e consta apenas (1) contentor mediano para depósitos dos restolhos diários e noturnos? Você já viu alguns comércios inaugurando suas estratégias de desconto, agilizando stocks e montras, picando dentro e fora papéis; e os balões que depois de estourados ficam muxibas e matam peixes, serpentes, tartarugas e pássaros? Você já viu o arrastão que é na saída das aulas, no poeirão das praças e avenidas, os lixos revirados se não por cavalos por mendigos e estudantes? Arde? Fede? Você já presenciou as lenhas que os condutores cometem com seus carros e motos quando zanzam pra cima e pra baixo freando nas canelas dos andantes e soltando fumaça mais do que cigarros? Você também conhece quem faz o bom combate com amigos, consanguíneos, letrados e ignorantes? Sobreviva!

terça-feira, 28 de março de 2023

MEU ANEL INVISÍVEL

Tenho cruzado com gente impactante
Que não só passa e segue, mira e interage
Gente que passa olhando os telemóveis
Para ver a hora que passa, comunicando...
A dose do que é vasto desde mesas e parapeitos
Gente contida no complexo raro abstrato
Que crê além do sangue e das nomenclaturas
Que a chuva não cai por causa de você
Mas crê que na chuva existe um mistério belo
De sentir, de gatilho e tiro certo, não um coração vazio
Minhas costas doem, mas é sabido, inevitável é a dor
São andanças, são amores e amores consomem
Que se sonha num tatame de abraços e mais tempo
À espera de um avanço que equivale o que é simples
Ao que é altivo, para equilibrar o meio e cumprir o Destino

segunda-feira, 27 de março de 2023

NA SOLA DE DORA TÈ TEM O COMPASSO DE D. KISSHOT

Quando eu durmo e acordo fora da bolha
Casa
Em suma eu acordo pro mundo ultrapassando muralhas
Longe
Saboreio a glória dos clichés da natureza nua, una em tudo
Dama
Sob o céu de minguadas chuvas e raios com seus roucos
Forte
Mirando a fronte de um horizonte onde no cume posta
Belas
Uma amostra greco-romana e outras misturebas mais
Artes
Estruturo os arcos proximais de novas pontes e seus canais
Multi
Esses tempos de agora me arrepiam como antes
Místico
Porque hoje é uma pista que amanhã pode ser melhor
Agora

domingo, 26 de março de 2023

O QUE VOCÊ FAZ QUANDO NINGUÉM TE VÊ?

O voluntariado exercido cedo é uma absorção de experiências práticas quando poderia gozar descanso – atrofia nos dias de hoje com celulares em mãos – ou outras queimas de energia. O voluntário expedicionário, desde novo, entregue às monitorias de áreas, campos e escarpas, que passa por marcas e odores de felinos e canídeos em solos e arranhões nas árvores e entre tantos outros seres vivos, consome em suma disciplinas de botânica e zoologia, além das físicas pontes, as sociabilidades com os trabalhadores e os visitantes, de onde se voluntaria. O voluntariado aproxima da realidade mais natural do tempo durante o percurso vivido, pois é ali que por ex.: se aprende o ritmo de comunidades mais genuínas que ao invés de explorarem na bruta o palmito nativo (jussara) – (Mata Atlântica Sul), que é também alimento de primatas, de outros mamíferos e de aves diversas, se extraído massivamente pelo homem – por causa do lucro que se vende dentro de vidros com líquido e bastões brancos nos supermercados e pizzarias, desequilibraria o ecossistema rapidamente, o habitat, casas e alimentos de muitos seres vivos. De todos os processos, a maioria das pessoas não estão nem "tchum" pra isso, ainda mais hoje, com a quantidade de passatempos improdutivos de entretenimentos. O voluntário que dedica tem em qualquer idade, no seu íntimo mais dormente ou desperto, respostas daquilo que sempre pensa de modo mais maravilhoso, diriam algumas pessoas, fantasioso e desejoso, mas realístico, quando você se vê por dias ou horas em contemplação diante de quedas d´águas ou praianas, até dentro de trilhas interpretativas de cada trecho de natureza respirada. A fotografia capta um fragmento, mas o momento é um êxtase, há lugares que arrepiam, há por do sol que grava, mar que limpa, cheiro que agarra... Quem voluntaria sente isso. O voluntariado te ensina, me ensina desde novo, que não é apenas um período que marca o indivíduo que doa, realiza o cumprimento e nutre suas realizações, mas os dias seguintes no dia-a-dia de todas as horas captadas (vivenciadas) e entregues no percurso. Em meus “baús” também existem coisas que devem ser priorizadas, se um dia forem encontradas e valorizadas. Enquanto não trabalho na área, a ganhar bem feito pra decorar modernas casas, criar filhos, plantar batatas, traçar mapas, moldar cidades e num cantinho de um terrário com bonsais criar um eco ECO E C O com uma malta forte junta de boa fama e firme conduta, devo seguir doando mais aos 40 anos. Por isso fiz um curso desses autos que se lê, ouve e marca, pra alimentar talvez credenciais e reforçar escritas posteriores como esta e outras mil em balanços mensais de produções de ordenamentos específicos que poderia estar criando. Mas, creio que mesmo assim, continuo trabalhando, pois dos lugares onde passei e voluntariei tenho muito a escrever ainda >>> RPPN Salto Morato; Parna Cipó; Rebiomar Arvoredo, Es.Ec. Água Limpa; Escolas do Brasil e de Portugal; Movimentos, Eventos e ONGs. >>>
TPN´23

sexta-feira, 24 de março de 2023

PRA CIMA DA INHA

Os bons cheiros ainda irão se espalhar pelo mundo. Atraem cabeças abertas enquanto atrasam-se as fechadas. Atraem os insetos, na postura de ovos, que crescem e eclodem seguindo o ciclo da sua espécie. O casulo é visto como um abrigo onde a vida se concentra e transforma. Processa como um útero material exposto e oculto. Então, calma, olha! Hoje eu vi um espaço alto de frente para a concha dos templários. Seu acesso é espiralado. Sua fachada são pastilhas e seu chão de entrada tem desenhos de ondulações aquáticas e outras descargas sólidas diárias. Esse avião que decola ou barco que zarpa leva quem mostra a dizer o que poderia dedicar-se comandante. Num atelier ou sala, com mesas e peças e telas ao dispor sem perdas tantas. O exemplo preciso de um espaço adequado para produzir desenhos, escritos, viveiros e quadros, enquanto se luta as dificuldades da vida. Pensa no sol e na lua acompanhando a sua labuta, e mora, namora tudo que alcança. Ressurja, portando bons materiais e poderios de fazer conjuntos de peso e teor. Os surgimentos comporiam museus abertos até palácios secretos, os feitios viriam desse espaço visto alto, no caso um casulo, uma casa "apartamentada" (existe isso?). Quando ideias surgem, é como um estalo zen. É como um mundo novo em construção nas mãos. Assim mostram as graças da vida, imensa e cheia de possibilidades. Alguns planos são apenas combustíveis, pois existem as realizações que pousam trazendo o que de avanço ousou chegar à um bom fim. Sem esquecer que a cidade que abriga esse casulo necessita de ajustes, remendos ou berçários dignos de continuidade, equilíbrio, motivação, efeito real. Então não pense que a cidade é ruim de tudo. Por isso aceno. Eu reclamo muito do lixo espalhado, de 99% do chão irregular e dos rios fedorentos... Mas há gente boa por aí. É aí que você percebe, ou não, o poder de criar a construção.

quinta-feira, 23 de março de 2023

HEY, LULA!

Sabia que limparam ralés do norte no Rio?
É você que contrata nessa joça?
Tá fazendo bem feito?
Tá falando bem feito?
Sorria, você está sendo filmado?
Atente, você está sendo caçado?
No style do palooza br, cê sabe?
Você está fumando ou sendo fumado? 
É bem visto por quem filma?
É bonito esse ódio aveludado?
Que fogo fraco em fim de linha?
Qual é o número dessa joça que viaja?
Já dançou alguém na pista?
E aí, depois que tudo piora, melhora?

quarta-feira, 22 de março de 2023

NATURAL BEATNIK

Faz tempo Dom KissHot não aparecia. De longe assim isso tem cheiro que irá ascender. Fica uma expectativa se irá pausar o moinho - essa é a sua birra - mas não para deixá-lo parado, e sim renovando o impulso de outro modo, com forças novas - essa é a sua sina. E não ficando fixo, seu estilo andante, portando-se como cavaleiro, não o alcançam ou desejam, exceto os que sim. Então segue distante. Mas antes de perdê-lo de vista saibam que ele ama borboletas, floras, leoas, luas além das Damas que lhe sacodem a cuca. Saibam que Dom sobe quase sempre correndo as escadas da Torre e ofegante deixa a sua verdade, inclusive fracassos e conquistas, tudo devorado pelo Velho da Torre, saindo de lá leve em empolgantes recomeços, todos eles bem complexos. Saibam por fim mais um último segredo. Dom tem um calor que não é o beijo quente nem sua eloquência, é a sua descendência, a perpetuação.


sexta-feira, 17 de março de 2023

O FRUTO DOS AÇORES (2005)

Havia chegado pela segunda vez ao Arquipélago. Eu seguia cabreiro com aquela máxima de não ficar como o peixe dentro do aquário, limitado, sobre aquilo que a Professora de química no Colégio Cataguases nos dissera na virada do milênio. Então, as ilhas do Oceano Atlântico Norte me mostravam o quanto e como eu deveria crescer. Para longe eu voltava. A comunidade do Passal 74, em Ponta Delgada já existia como casa de estudantes Erasmus, misturados aos nacionais. Eu voltava para continuar os estudos da vida em Biologia e a Marinha (aquática ao fim ao cabo), mas o ano letivo começava apenas 6 meses a frente do calendário. Com a primavera numa mão e o verão noutra, candidatei-me num programa de observadores de pescas durante a faina dos pescadores até de outros arquipélagos e d´outras ilhas, ali na zona marítima dos AZ. Um observador embarcado em uma traineira/atuneiro colhe dados físicos, químicos e biológicos gerais, protegendo golfinhos principalmente, e outros seres, de mortandades ilegais e outras lesas que pudesse haver durante a pescaria artesanal (manual), algumas vezes bruta na natureza de pescadores ao estilo Brutus do Popeye. Estive embarcado por cerca de 5 dias, e somente nessa campanha, devido aos movimentos e oscilações que trago de outras vidas. Os enjoos sempre passam quando se deita no balanço das ondas de uma embarcação rasa, o líquido do ouvido aquieta-se, mas quando em pé, os ossos escorregam nas cartilagens e almofadas internas da coluna central, ainda mais quando à procura de fantasmas (no respiro das baleias gigantescas), pilotos, tartarugas, cagarros, tintureiras, dourados, espadartes, atuns, moluscos, sardinhas e peixes voadores no binóculo, anotações e manuseios de utensílios nos campos dos formulários das pesquisas. No meu limite fui ao mestre da embarcação, José Nunes – por curiosidade é o nome do meu pai – que encostou o bico do barco (proa) na ponta do farol do Porto da Praia da Vitória na Ilha Terceira Jesus Cristo. Já tenho contado e escrito que dali, fui para Angra num verdadeiro Heroísmo, tendo dormido Hospitalário na noite de Sanjoaninas, e embarcado novamente na manhã seguinte num Cruzeiro para o Faial e o Pico, cheio de equipamentos. No departamento do Programa (DOP), fiquei escalado para receber os relatórios dos outros observadores que passavam mais dias no mar do que dias em terra, e inserir as infos num banco informático como peça servente presente, de tudo que se pode comparar com os dados passados e os futuros (que podem ser os de hoje até) de toda a significância do trabalho que é em suma o estudo da vida, nesse caso o estudo da vida marinha. A base terrestre dos observadores ficava na Madalena do Pico. Via-se da janela o canal ponteado com os ilhéus deitado e em pé, todos os dias, exceto quando em poucos dias de verão o céu confundia-se com o mar. Numa das tardes em passeio com uma das observadoras desembarcadas que vinha da terra do Minho, queimados de sol e sorridentes por aquela costa fixa não se movimentar tão bruscamente com o vulcão dos capelinhos e o Piquinho do Pico, encontramos um casarão abandonado. Era um casarão cinza e branco porque suas estruturas mais visíveis eram de pedra cortada, também vulcânica, não tinha teto, paredes ao chão, não era abrigo humano, nenhum resquício recente de estada, madeiras furadas e todas podres, nem andarilhos ou romeiros dormiriam ali. Eram as ruínas de um casarão abandonado, um escombro misto de colapso e fuga rápida dos antigos habitantes, o quintal de frente estava tomado por matagal, não se chegava fácil até ao spray nas pedras. A maresia sim, chegava no casarão impregnado de sal, e talvez também por isso maquiava aquele casarão quase vazio. Dentro dele, o piso se via batido e rachado nos clarões de mato, alguns lugares estampados e quebrados remetendo ou a cozinha ou sala, e os poucos móveis de madeira não eram completos, mas estavam pedaços grandes revirados. Dentre esses móveis, havia 3 baús bem grandes empilhados que uma pessoa sozinha quebraria algumas vértebras para desempilhá-los. Surpresos e já ao fim da exploração, abrimos os três baús e dentro deles tinham coisas colocadas como roupas, candelabros (“luz da época”), algumas fotografias bem rasuradas e manchadas, tinha bichos vivos como baratas e outros artrópodes (bichos rasteiros e voadores), insetos, lacraias, centopeias, alguns vertebrados rápidos como os lagartinhos da ilha que predavam logicamente essas presas. Havia mofo forte, estava tudo bem deteriorado, algumas coisas que se pegava se desfazia como um lenço de papel provavelmente que envolvia algum pão ou alimento, e copos, alguns metálicos outros de barro... Dentro dos três baús tinha sobretudo roupas, alguns utensílios, nenhuma joia ou peça reluzente de histórias de piratas. Havia cartas num desses baús. Blocos dobrados, maços de cartas. A menina do Minho e eu decidimos que não iríamos levar nada mais do que as cartas. Todo o resto ficou nos baús, sem grandes mexericos, porque os baús não se configuravam explícitos de algum controle privado, não era de tudo limpo, fácil e nítido. Estávamos seguros que estávamos na linha da costa e andando adentramos o esqueleto de um casarão abandonado, um sítio tomado pelas intempéries. O achado estava à beira mar, camuflado tanto a arquitetura num todo quanto os itens que foram alocados nos baús e por algum motivo foram deixados. Tínhamos encontrado um lapso da história aparentemente marcante desde o tempo de alguma partida, das pessoas que ali habitavam num tempo consideravelmente longe, passado. Essa história estava se ocultando ou se perdendo aos poucos e veio à tona em 2005. Não fosse esse achado da menina do Minho e a sua Cia., estaria lá até hoje, ou até alguém tê-lo encontrado e tendo feito sabe lá o que fosse. Não empilhamos os baús, mas fechamos e colocamos lado a lado. Então, decidimos levar apenas as cartas com intuito de consumar mesmo o achado e expor cada um à sua maneira. E assim fizemos. Divulgamos inclusive para os outros colegas observadores que chegavam cansadíssimos e bronzeados das observações em alto mar, à nossa chefia e em outras ocorrências em relato. Logicamente a história contada não foi muito empolgante para quem ouvia, nem se interessaram tanto por ver aqueles papéis velhos, mofados como se tivessem caído ao mar e sobrevivido, enfim. Naquela época, dividimos as cartas. Eu fiquei com um maço e a menina do Minho ficou com outro maço. Ela voltou para o norte do continente e eu voltei para a ilha de São Miguel, para a Rua do Passal 74. Esteve comigo como um tesouro semiescondido por dois anos, e como sempre, ao fim desses dois anos comuniquei primeiro ao meu Tutor que em seguida indicou-me um Doutor da História daquela casa acadêmica do complexo científico de Ponta Delgada. As cartas remetem à “família Rosa”, que fora desde há tempos nomeados aos braços das regências do império português. Nas cartas há menções e relatos históricos rudes do tempo daquela época, a tristeza que era a índole do “Homem armado e poderoso” comercializar pessoas como escravos levados aos Açores. As cartas revelaram em análises até onde sei, posteriormente, o que reza sobre posses de vinha, terras, funções, heranças, balanças de natalidade e mortalidade, papéis com brasões, marcas d´água, desenhos e símbolos da rosa dos ventos, nomeações de Juízes de Fora que comandariam o cultivo de pés de uva de uma estirpe tal que suportava a maresia e o solo, e que virariam vinho para os czares russos, passando antes pela Inglaterra e o resto da Europa. A descoberta dessas cartas não me renderam riquezas, exceto um passe (pass/upgrade) pelo socorro dos itens, que neste caso foi repassado para um historiador do Arquipélago que tratou devidamente, estudou e incrementou em suas produções de investigação e pesquisas esse achado. Soube que ficaram expostas em alguns espaços culturais da ilha de São Miguel e que voltariam à Ilha do Pico, com certeza pertencente ao acervo público regional. É tempo de dizer que existia uma carta dentre as cartas que era a carta da Rainha. Dona Maria I (“a louca”), mãe de Dom João VI, avó de Dom Pedro I, bisavó de Dom Pedro II - último imperador do Brasil. Depois que desfiz das cartas, coloquei uma mochila nas costas já sarada, voei para Lisboa e junto com a menina russa-nórdica, cruzamos a península ibérica e o cadarço da itálica até Roma... Um ano depois, nasceu a Iara S.T.P.N.

quarta-feira, 15 de março de 2023

PRÓXIMA ESTAÇÃO: ESPERANÇA!

Começa na velha história dos marcos futuros e dos objetivos globais que nascem e morrem de 30 em 30 anos ou de 50 em 50 anos, e lá se vai mais um século com o Brasil dando descargas para dentro dos rios, árvores caindo sobre telhados e pessoas, torrões perdendo suas fundações de raízes para as moto serras dos peões, sua geração confusa e em dúvidas se darão frutos o que fizemos ontem com as novas gerações (algo qualquer que foi feito de bom no passado continua?), e uma sobreposição de agentes, políticas e interesses econômicos que vêm aos trambolhões desde a descoberta... É essa a piada lusa? No esforço diário de atualizações e preparações para ordenar o meio ambiente e o território, fica bem explícito através das ferramentas disponíveis, isto engloba desde expressos, memórias materiais e imateriais (imagens e relatórios) até as prováveis discussões que se dão na casa do povo, nas boemias, nas rotinas dos setores, nos conselhos correntes viciados ou não, na mesa organizada dos donos de áreas com nascentes, montanhas, florestas, cachoeiras, e através de executores temporários que na verdade portam pouco de consciência real desse novo mundo, um longínquo futuro do Brasil que nunca chega. Venho devorando leituras digitais, físicas e sonoras inclusivamente. São mais que trechos, são clarões, é a volta de Eureka! Quando se nota oscilações na cidade onde se vive no âmbito ambiental, essa observância se dá na escala local. Mesmo que pequena, não se capta toda a cidade tampouco a agonia de presenciar um ser humano revirar latões de lixo em busca de restos. Lembra do significado da palavra Yanomami! Imagine índios morrendo secos e doentes dentro da própria floresta amazônica. A existência de populações de nativos humanos ainda vivos e genuínos pelo globo terrestre é ínfima. É uma prova rasa de coexistência evolutiva, porque o “homem mais atual” vem de antepassados (ecos), de átomos inclusive em retrospecto. Nem tão viajante assim. Situa-se e mexa-se! Junto nessa régua o homem moderno é um “super prático” que quase sufoca e sufoca-se com nano plásticos e as queimas de todo dia. Emissões pausadas mostram um pouco do respiro ou suspiro sufocante do Mundo durante o susto da covid19, reflita! Por tudo isso e outras lesas do Homem ao Meio Ambiente apontam-se nomes em latim em listas de riscos de extinção. O que responde a analogia do mendigo nas cidades e do índio na floresta, ambos seres humanos em crises de existência. Logo, quando se acrescenta amplitude à vizinhança, a região e as referências espaciais de cidades maiores e mais populosas a escala de degredo aumenta quase sempre na mesma tendência exponencial com o crescimento populacional. Malthus e suas crises gradativas. Uma legenda escrita do movimento dos dados gráficos no tempo-espaço e as consequentes quantificações. Aumenta a cidade (físico - humano), aumenta o degredo. Porque é preciso lócus para habitar, alimento para consumir, e daí se deseja itens que vêm em embalagens que são “lançados no meio” massivamente desde o tempo dos espelhos. E não há um plano a seguir. A solução poderia ser aumentar os esforços para suprir esse ciclo, mas também reduzir, equalizar, mudar hábitos e inserir um reforço de cultura renovada, uma moda comportamental, o que não é fácil diante dos prazeres no mundo moderno e o bem fazer dos condutores. Não é uma regra ou ordem absurda e absoluta. Bom, bem que podia num instalar de dedos resolverem-se algumas coisas, mas é absurdamente necessário fundar uma tendência forte e continuada, sejam essas pegadas determinantes a fim de seguirem de polo a polo, meridianos e paralelos a nossa rosa do ventos. E essas tendências, [modas], assumidas por novos expansionistas no sentido de progresso ajustado, traz eficácia no funcionamento de utensílios e sistemas que reduzam gastos/consumos nos fabricos de tudo que é suprimento de necessidades mais importantes em essências do que artifícios, para desaceleração das alterações climáticas [desastres e sofrimentos], formação de indivíduos (Educação Ambiental) e manejos adequados de qualquer meio terrestre, aquático e aéreo. Em algumas poucas cidades modelo, termo conhecido como cidade inteligente, cidade sustentável e equivalências nominais com mesma finalidade, os modelos de sucesso são sempre bons guias a seguir e de fato ocorrer, funcionar. E uma vez o tratamento ambiental rodando com sucesso essa é a tecla que tende continuar pressionada, suportando aos períodos eleitorais mesmo que renovando grupos de administradores com deveres de capaz e saberes para seguirem, aplicarem, adotarem, conduzirem ainda que temporariamente as responsabilidades públicas e administrativas do Brasil. No entanto os mais otimistas aguardam cifras do estrangeiro e anos dourados de plataformas, lançamentos e inaugurações. Vários órgãos não funcionam, vários cidadãos não agem como devem, em todas as suas funções, posições e composições de sociedade, o povo em geral é poderoso para escolher, mas fraco, ou pobre, ou sem saber contribuir com quem escolheu no dia a dia. É uma bola de neve que desce uma ladeira a aumentar cada vez mais a sua esfera. Há quem se coloque à frente e se colocando está no curso dessa bola, o que deve ter pulso, punho, forças das mais sapientes. Várias leis não são seguidas, vários projetos são amarrados à espera de dinheiro que são peneirados provindos dos países desenvolvidos (termo que não abandono de primeiro mundo, já que existem submundos dentro de países em desenvolvimento e subdesenvolvidos). Os pilares fundamentais resistem ao século XXI. Mas, como estão das pernas? A educação, a saúde, a segurança, a mobilidade, a cultura, o recreio, a ciência, o respeito humano e animal, tá tudo aí pra ser reforçado, trabalhado. Há os que se doam às causas que até amputam desejos próprios, enquanto outros gozam e contribuem com a estática, a involução, a falta de ânimo ou amor em suar e sangrar por ela e fazer valer a organização e o equilíbrio ambiental, como prioridade de vida. Por fim não podemos fechar os olhos para a bagunça que é ou está o país, brutalmente rico, lindo, forte, diverso em vidas até de nativos, poderoso país marcante, por mim amado cheio de esperança para que nasçam ou renasçam dias melhores que perpetuarão por séculos vencendo os abalos da Era. Utópico, pois não? Romântico! Lá em 1993 os autores do livro “Planejamento Ambiental”, revelavam a realidade de um Brasil que lança, mas não pega, não voa, com afirmativas reveladoras no trecho transcrito do capítulo 2, parágrafos iniciais págs. 40 e 41.
EXPECTATIVAS PARA O PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO E A GESTÃO AMBIENTAL:
No Brasil, inicialmente (Iª República?!), as questões ambientais foram tratadas de forma setorial (água, floresta, solo, etc.), no entanto, sem uma definição de política ambiental (mesmo com legislações atualizadas). Inevitavelmente várias leis e órgãos foram criados, muitas vezes com superposição de funções, conduzindo a conflitos e ineficácia.
Apesar dos efetivos esforços institucionais, no sentido de se implantar uma política ambiental, observa-se que muitos decretos de proteção de áreas naturais ficaram apenas no papel. Boa parte das áreas a serem protegidas nem ao menos foram demarcadas. O sistema de combate à degradação e à poluição ambientais tem-se mostrado ineficiente. Isto ocorre, em primeiro lugar, pela forma como a questão ambiental vem sendo tratada. Na contraposição dos interesses econômicos e da gestão ambiental, tem prevalecido o desenvolvimento a qualquer custo. (Exceto pelos que com foco, mira, capacidades e poderio monetário viram a chave pública e privada e revolucionam, ao ponto de viver integralmente para isso). 

terça-feira, 14 de março de 2023

A CIDADE DIRIGIDA II

Em Braga eu cheguei pela primeira vez a pé. Vinha iniciado na rota litorânea portuguesa para Santiago. Na minha esquerda o mar, na minha frente pontes, na minha direita árvores e atrás de mim cidades velhas e suas povoações. Cruzei no mapa uma diagonal para o centro e observava um tanto imenso muita coisa do continente a cada passo. Era a primeira vez que eu explorava a terra firme e fazia com vigor rumo ao norte da coroa da península ibérica. Fazia tanto calor antes de chegar em Braga, que uma senhora que molhava a varanda de casa me esguichou um tanto por pedir aquela água em mim. E as crianças que estavam próximas sorrindo pediram também à dona que lhes molhassem. Na noite anterior eu havia dormido em Barcelos. Havia chegado de noite em Barcelos e dormido num “pague e apague” tão profundamente que nem um grito gigantesco que ecoasse no espaço me acordaria de súbito. Porém de manhã lembrei-me do grito, afinal estava na cidade do galo, onde há, pois contos sobre milagres na hora da sentença de morte. Pesquisa-se. Vivo e acordado, já pela janela do leito vi altas cruzes decoradas em fileiras sobre a praça. Logo desci para um café mirando um lindo jardim onde passei para seguir para Braga. Não sabia que depois, naquela cidade habitaria em família, casas. Mas sabia que era a cidade dos Bispos e tinha lá amigos a estudar psicologia. Alguns das próprias ilhas outros que lá moraram. Eu estava na ilha (São Miguel), havia saído não para enxergá-la, nem a mim, mas para entregar uma carta que contava ser necessário (ainda) armar (tornar) cavaleiro da ordem e rumar junto com outros mestres para uma terra nas proximidades de Taramundi, nas Astúrias. Ali se fincaria uma bandeira com 6 símbolos, e assim um novo rumo se faria. Há, entregue na Catedral de Santiago, na Galiza, um dizer sobre essa busca que decorre, talvez o querer tanto dum terreno para projetar malocas que abriguem as boas almas que me guiam desde sempre até agora, junto da força da flora, da fauna, dos fixos e dos vivos que sempre recriam. Braga viria ser a cidade que morei e lembro sempre dela ainda que agora esteja diferente. Eram tempos de juventude ainda a primeira vez que cheguei a Braga e as histórias que havia vivido antes contava aos mais próximos, que de certo modo faziam parte, revivendo e recriando em Braga. Como o tempo passa... Em Braga vivi por quase 5 anos intensivos a fotografar, escrever, caminhar, absorvendo tudo que me davam, até espadas, cantos, sinos, cartas, avenidas e montes luminosos onde formam-se exorcistas, lembram as igrejas do ouro de Minas, até bostas de cães e cuspes, mal cheiro, gente fula, e ruas aos pedaços milenares. Imagine o “Rans o Zinza”, reclamando de uma cidade tão antiga d'antes do Império de Roma. E tudo que eu entregava, como esse texto agora. Há um portal de pedra em Braga, onde toda vez que eu saía e entrava a pé pela cidade tocava-lhe um dos pilares com a mão. Dali em diante eu rezava, pensava, chorava, sorria, observava, sentia o mundo aberto toda vez que saía ou entrava em Braga. Fazia isso desde a primeira vez que entrei a pé em Braga, por isso mesmo não me esqueço do calor que fazia quando cheguei e do frio que depois veio, de todas as estações, das praças frutíferas, do batismo de Iara, das cores que continha, dos castelos, torres e muradas, da fumaça dos pinhões, de todas as criações, construções e também as destruições (no sentido físico e humanístico).

Trecho de pesquisas: A imagem da Cidade, de Kevin Lynch
"A cidade não é apenas um objeto perceptível (e talvez apreciado) por milhões de pessoas das mais variadas classes sociais e pelos mais variados tipos de personalidades, mas é o produto de muitos construtores que constantemente modificam a estrutura por razões particulares. Se, por um lado podem manter-se as linhas gerais, exteriores, por outro, há uma constante mudança no pormenor. Apenas parcialmente é possível controlar o seu crescimento e sua forma. Não existe um resultado final, mas somente uma contínua sucessão de fases. Assim, não podemos admirar-nos pelo fato de a arte dar forma às cidades, visando um prazer estético, está/estar bastante distante da arquitetura, da música ou da literatura. Pode aproveitar delas grandes contributos, mas não imitá-las." (1960).

EXTRAPOLADO CROQUI FUNCIONAL

Um dos tantos que os contratantes podem ter em mãos, essa é a idealização de um mapa que referencia e expõe cidades (em polígonos brancos com seus respectivos nomes) e grandes manchas verdes, geralmente em altitude ou áreas protegidas (polígonos em verde limão). É uma amostra simples de apontamento e situação – um retrato real de satélite – dos efeitos devastadores da humanidade, direta e indiretamente, durante o tempo de ocupação e usos sobre o território. Nesse caso, um quadro centro sul da zona da mata mineira que fora explorada e ainda é, manejada de diversas formas (bem ou mal), principalmente com precárias conduções administrativas citadinas no contexto sanitário, ambiental e educacional, o extrativismo vegetal, mineral, as gerações de energia, as produções agropecuárias, resultando em florestas homogêneas com baixa biodiversidade; pastagens, erosões, assoreamentos, poluições dos veios aquáticos por contaminantes orgânicos e químicos, ausência ou fracas aplicações de alternativas de manejo de sucesso, incluindo a Educação Ambiental rural e urbana, etc.). É impactante pra quem compreende os traçados robustos no mapa – como dito extrapolado croqui funcional – do que ainda pode ser elaborado com minúcia dedicada, isto é, mapas mais interativos, mas só com esse esboço é capaz de abrir um leque de possibilidades de melhores conduções do território por “pluri proprietários” e suas intenções. Por isso, o mapa que o condutor revela, quando explicado com clara objetividade e intenção é importante para fazer saber os indivíduos em formação, crianças, jovens e adultos, que do mesmo jeito que se modifica cenários drasticamente para qualquer fim de progresso e evolução física e humana, úteis e indispensáveis nos dias de hoje, também é possível trabalhar sobre a recomposição de paisagens mais equilibradas, novas e melhores produções e manejos, com a urgente mudança de hábitos gerais que levam a sufocar o próprio meio ambiente, e que seja feito mesmo no dia a dia, em casa e em centros de formações. Visto assim é interessante imaginar que há somente 300 anos, esse quadro era um tapete verde contínuo e diverso de flora e fauna, de fato sem cidades, quando era solo atlântico original e com muitos mais componentes, inclusivamente antropológicos. Era. Atualmente a realidade é, alguns poucos fragmentos de florestas clímax (florestas primárias, virgens), outros fragmentos regenerados pós-atividades humanas (florestas secundárias), florestas planejadas (áreas verdes), algumas Unidades de Conservação públicas e privadas funcionais ou protetoras e as boas conduções de ordenamento do território por órgãos e pessoas capazes, desde as políticas e legislações mais complexas às amostras das pegadas do homem na Terra, é o lado da moeda que mais vale. Na verdade pode-se entender como pegadas. Há pegadas e pegadas. Essa é a pegada verde!

 

MÉTODO DE KEVIN LYNCH (1962)

 

“ Lynch, o autor do livro A Imagem da cidade, aproximação semântica à imagem visual em contraposição á pura representação física, introduz a expressão site planning  como a `arte de dispor ou adaptar o meio ambiente físico externo para acolher as atuações humanas´, criando uma nova escola de urbanistas interessados em desenvolver técnicas capazes de abordar o urbanismo desde uma perspectiva integral, que entende como única forma de chegar a soluções racionais e conscientes, mediante a intervenção de especialistas de diversas profissões”. (pág 32 – Planejamento Ambiental de J. Ribeiro et al (1993).

sábado, 11 de março de 2023

DO CIMO VEJO O HORIZONTE

Carta aos Doutores

Sinto que tende haver uma virada de chave e isso tem várias vertentes. Quando trato a minha vida unicamente, juro que penso passar um tempo num claustro. Escreveria logicamente antes uma carta variável às Ordens Cristianas, que me fitariam e aceitando ingressava em dedicada introspecção por anos consecutivos. Isso seria um ato drástico, extremo, possível já testado nesse corpo peregrino. Caso contrário a subida da montanha realizaria o máximo do livre arbítrio.  Sinto que vivo em estado protegido sob o céu e sobre o magma, ainda que vacile e por isso continuaria produzindo sem pecado obras aos dons de Rupnik. Ao lado mesmo de Francisco que mirando aponta e mostra os novos rumos da história. Mas, não é o caso trajar-me de sacerdote para encontrar a paz, exceto uma necessidade de sair desse cenário atual local ou que as máquinas andem. A cidade é um berço fera, velha, é caduca, estão as calçadas em pedaços, há areia e terra nos cantos como nas praianas ou de faroeste, salpicados de lixos, o sol arde no verão, há cuspes e escarros já lembrando o velho possuído da Estação de São Bento; as praças, ruas e avenidas estão lá em blocos e pedras e curvas, sujas, mijadas, onde rola grana, super exploradas em horários de inferno e caos e abandono. O córrego fede raso tudo que todo mundo excreta, desde o mendigo ao de qualquer teto de conta bancária. E as crianças, adolescentes e adultos estudam, mas infelizmente estou congelado em participar. Esse é o cenário do berço, é o que eu amo e sabido haver lugares mais podres, ainda que sejam berços lindos. A esperança que paira é no propósito acreditado que me entrega a verdadeira chave da independência local, podendo ajudar mais a todos, como um poderio de ofício específico simplesmente, a euforia contínua de suar e sangrar pela certeza e a crença no percorrido da estrada que venho construindo... E como não tenho um chamado, nenhuma bandeira me agrega à mudança, vou ficando fadado sem poder pintar paredes, namorar todo dia, semear e desbravar paisagens naturais, educar ambientalmente... E vou ficando velho correndo para continuar enérgico. Quando uma parte da sobra dos que lucram - veja bem que tenho a Matemática I – é dedicada em aplicação financeira no ramo especializado para tratativas ambientais de manutenção (gestão) e formação (Educação Ambiental) os resultados em décadas serão maravilhosos, porque aumenta-se as manchas verdes e as cidades dirigidas, porque forma quem cresce sabendo que essa é uma missão de escala planetária. Eu penso em outros cenários que existem, nos vários cantos do mundo, já pensei chegar em locais que já fui e em locais que desejaria chegar e estar. Estou sempre a um passo disso, ficando longe do cenário que amo e das pessoas também, não por crime, insanidade, descontrole ou paixão, ainda que oscilamos todos e estamos às margens de um provável Superior Mor. Partindo carrego sempre naturalmente comigo escritos, desenhos, sonoras e as memórias dos registros.

quinta-feira, 9 de março de 2023

ETERNO EMBARQUE

Carta de muitos cognomes:
Sou feliz imenso pelo regalo, algo que um formando inclui na bagagem. Tenho lido trechos dos capítulos de textos que contam como era antes e assim vou ficando rico. Daí devolvo, compartilho. Creio que as interatividades humanas e o meio onde estamos - toda vez que é boa - incrementa a evolução por causa do movimento que gera fluxo de conhecimento. Das autoridades que permitiram citar Pessoa, permitem também o Darwin, e outros que aparecerão. Disseram, gravaram e replicaram na mente de poucos, que os livros quando estão fora das estantes das bibliotecas é um sinal da sua finalidade, justamente na frente dos olhos, nas mãos, dentro dos ouvidos e na mente dos homens, já que os silvestres não processam o intelecto. Todos os sentidos humanos podem absorver livros. Essa carta é mais uma das muitas convictas, composta de força e segurança expressiva, pois num todo explica a importância das manifestações. Hoje em dia estejamos atentos aos que nos sugam com as invasões de tudo que tentam captar da realidade do que emanamos, por isso às vezes invento ficções para confundir os carrascos. Posso propagar laços eloquentes quando na verdade agonizo no tempo, como Atlas, sem qualquer beijo quente. E toda vez que saio da bolha (casa) fervendo em suor rio, tal qual toda vez que volto pra caverna choro e nem o Show de Truman nota isso. É uma confiança confessar, quem elabora para quem desde o início habita, só que reencontrando de súbito, acorda o famoso Platão. Esse que admira o passear dos transeuntes é imune aos exageros das paixões e tem armaduras contra a perdição dos ignorantes, contido e armado com respeito. Com certeza quando estou em transe, chego por várias fontes e escrevo mais e melhor. E falando atuo também, quando em transe atinjo e nem se nota. Numa sociedade atrasada, nesse país lindo, grande, rico, forte e atrasado de educação e essências básicas e fundamentais, é um risco dizer certas palavras, nesse caso nenhuma tão complexa ou floreada, mas só o "transe" para quem não come o dicionário, fica com a pulga atrás da orelha. O que diria "oráculo", "prometido", "encoberto". Quero ter a sorte da compreensão de quem me entrego e falo sério para quem tem muitos cognomes. Às vezes aumento, mas confesso que amo imensamente o mundo. Esse trecho agora é quase que uma cópia das explicações contidas noutras cartas. No futuro longe, se metade da estrada que construo agora estiver certinha, saberão que há muito tempo desde os 17 anos assumi a coragem de escrever e desfragmentar meu coração, quase entregando-o por completo, até hoje, tentando evitar erros, fugindo do no sense, trabalhando no que é complexo e pode ser compreendido. Isso é exatamente o que desmascara as sensações e as impressões da vida, dia e noite, tic e tac, até o fim. Quando quem sano e consciente assume que o complexo pode ser compreendido, dominando o ego, ganha o meio do Selo de Salomão, conhece os posicionamentos, o campo, as bases e tudo que é simples. Ali, conhece o que é misto, as entrelinhas místicas, a natureza real, o efeito das lufadas de ares puros, sente as águas límpidas, a flora e as sonoridades dos bichos, os pios d'aves, nas viagens que potencializam outras artes, desenhos, instrumentos musicais e o que sai dessas natas. Conhece também o que é explícito, claro, evidente, revelador e o que compõe a coragem dos construtores literais, ficando nu aos leitores. Quem lê em primeira pessoa, nesse caso uma alma que me acorda, faz parte da história e de forma bem branda não posso fugir ao dizer isso. Eu acredito piamente que as musas existem e por isso os poetas vivem. Isso remete às luas, como a que agora passeia no céu da janela da torre da praça no vale que não venta. Há quem tem a sorte de vê-la ao lado da Dama, a lua cheia. A Dama, sendo musa é poderosa e decisiva, pois impulsiona ou freia a aproximação. Tem acesso à mil sóis brilhando ao mesmo tempo. Só que a Dama sem saber que é musa, sem querer queima a porta, castiga a paixão. É por isso que eu reforço a ideia de escrever essa carta para muitos cognomes, por acreditar que haverá uma única nova compreensão. Na idade trago um peso invisível, não totalmente físico, e é estranho porque acho que noutra vida talvez tenha morrido antes. Hoje vivo, calejado de impressões passadas e diárias – como todo mundo tem suas balanças, até os reis –, só que o fardo não me impede enquanto a morte não chega e as doenças não agarram, pelo contrário, venço os dias do calendário e sigo ao máximo forte de corpo e mente, autêntico, almejando conquistas e sarando dores. Bem dolorida as costas e o pescoço, as pernas suportam o avanço. Çakyamuni, o Buda, disse certa vez que uma vez vivo as dores são inevitáveis, então é saber disso e avante. Sofro tanto o desligamento diário do desenvolvimento de um filho. Sofro tanto. Como um castigo desse destino. Mas, sigo. Ao mesmo tempo ciente do presente, antenado ao futuro desse mesmo destino. Criar genética é uma dádiva das mais maravilhosas que existem. E criar querendo é fazer com vontade, querer iguais a si e a quem também quer de si. E querer as obras, a organização das forças e sua lealdade, os feitos, as histórias, os elos, as ideias, a realização dos sonhos, as construções, as amizades fiéis, os amores. Mas quem irá querer isso? Eu só queria dizer isso para muitos cognomes. E permita-me despedir-me. Com todo meu respeito e gratidão porque é a força de muitos cognomes responsável por isso. Pode ser que eu parta hoje, pode ser que eu parta amanhã, pode ser que chova, pois há muito abafa a terra esses dias pelando de sol, pulsa o coração e a cuca. Então a chuva que escorre, limpa, enche veias de riachos e esfria todo tipo de vida nos campos, vilas e cidades que ficam. Por fim, eu partirei um dia, mas por você eu voltaria sempre, e escreveria exatamente assim.

terça-feira, 7 de março de 2023

DE DKS PARA DORA TÈ

Ganho mais que letras guias suas, grato
Sinto os dedos seus na terra que tocam patas
Tenho a natureza que espera nostra agora
Ajo tanto quanto vivo amando presença conexa
Tento o não lamento, mas sofro, e acelero
Percorro como todos que cumprem, quero
Busco tanto que peço e encontro a pausa
Durmo e sonho, ventre rosa abelha borboleta
Juro, puro, que um sim muda o Mundo!
Essa prosa é uma prova matriz da língua
Que as esquadras e entrelinhas comando
É uma amostra das potências românticas
E alavancam torres donde vê-se luas e estrelas
Onde surgem pontes que conectam horizontes

MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...