sábado, 31 de outubro de 2015

A PROVA MÍSTICA

*
É o pensamento
Do presente instante
Conjugado com infindas formas
Dos participantes entes estes todos vivos
*
Centro
Trópico Equatorial
Transatlântico certo destinado
Eis que Atlântida surge em mar azeite
*
Que trovões do mar soem sons de ondas
Que as âncoras revolvam o assoalho fonte
Que a riqueza seja a gratuidade sana esta
Que bondade seja o nome da coroa ao rei
***

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

CHAMADO À CIA.

*
Babilônia é um apelido
Da grande cidade antiga
Ainda hoje lembra caos e harmonia
Uma mistura de ordem e anarquia
É a rua que limpa quando chove
As imundices dos transloucados
E dá brilho ao brio das filosofias
Em Portugal tem um bar que chama Rua
No chão do bar tem paralelepípedos
A rua é uma calheta inclinada e comprida
Onde juntam medalhões da boemia
Figuras excêntricas com seus instrumentos
Desde pratos, sopros, cordas e vozes de poesia
Hoje, vamos levar a rua para a avenida
Pois a observância é uma gravação da vida
*

O ÍNDIO DA CORTE

*
Sentado no banco do bobo
Obesa preguiça do corpo
A fala encharcada de cana
Vontade de ser quem manda
É o índio que fala por baixo
Sem saber que a fonte branca
Porta tantas obras que o massacra
Ele impacta com andanças e estadas
Em estradas de ferro e desertas casas
O sábio é um nobre que engana o tolo
Amargurados os que invejam a cama
Aventurados os que amam a Bela Dama
Não há raça mais potente que a humana
Retratada com estéticas diversificadas
Porém é raro alguém que engloba
Equilibrando entre o estalo da ira
E o sopro contínuo doce do encanto
Sorte ao índio que repuxados olhos
Enterra suas raízes como eucalipto
Para se salvar quando entregar a alma
*

SOBRE AS MOEDAS

*
São de diversos valores estas
Só que o mau é limitado e vão
Pensa que dinheiro é tudo, mas não
O bem convence com palmas apenas
Na flora dos vales de ouros ocultos
Com as mãos que produzem sons
Difere a fala estranha, mansa e fanha
De infelizes à beira de riachos rasos
Neste espaço até ao outro lado
Tem aqueles que negam pratas
Tem aqueles que engasgam fumo
Tem aqueles que sedem os goles
Tem aqueles que observam o Mundo
Em qualquer parte personagens constam
Os que negam pratas são tão pobres
Os que engasgam fumo ficam loucos
Os que saciam a sede na verdade gostam
Daqueles que revelam os segredos do Mundo
*

DEMÔNIOS EXISTEM

*
Eles sentam ao pé do mestre
Sedentos por sua posição
De iluminação provinda
Do destino majestoso
Onde testam seus olhos inertes
De cada olhar que faz canção
Zombam de sopros sonoros
Eles são falas abstratas invertidas
Por ousar sair do inferno
Presos ficam na escadaria
Da pirâmide verdadeira sina
De ser REI e MENDIGO
De ser MENDIGO e REI

*

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

FULÔ D´DONANA

*
Se é que Donana gosta de rosas
Se é que Donana no sul quer chegar
Se é que Donana sabe que existo
Se é que Donana não teme a espada
Se é que Donana não ama outro gajo
Se é que Donana que ser Maria minha
Se é que Donona tem ânimo pra andar
Se é que Donana quer ter meio Mundo
Se é que Donana crias douradas nos dar
Se é que Donana é Dama madura
Se é que Donana é Vênus de Marte
Se é que Donana não briga com Áries
Donana é a Dona da minha coragem
Donana é distante nos montes além-mar
Donana se penso te vejo brilhante
Donana é o meu porto aberto pra amar
Donana aceite agora esse louco errante
Se não Donana, mate-me já!
*


terça-feira, 27 de outubro de 2015

LESA

*
Faltam-lhes fios e neurônios
Sobram-me pelos e palavras
Dormem meio que acordados
Marcham como que parados
Cruzo quilômetros salgados
Para chegar ao chá da tarde
Talvez tarde já que Dora é nova
Ainda assim eu monto bravo
Ao bem de todos da bandeira
Que enxuga derrames vossos
Os ébrios quase sempre choram
Os sóbrios sempre choram
Os escudeiros sempre morrem
Os cavaleiros vencem antes
*

PÓ EM

Governar é a felicidade do poder
É a oportunidade de escrever a história
A utopia é a medalha da incompetência
É o fracasso da realização possível

COM CIÊNCIA


Tanto a dádiva da procriação (Força)
Como a dádiva da renúncia (Sabedoria)
Conduzem ao sentido da vida (Agora)
Por remeter a ideia de sequência (Amor)
Naturalmente existente no espaço (Terra)
Ao mesmo tempo projeta a continuação (Filhos)
E recanta no seio da natureza calma (Original)
Como ensinar filhos a edificação da casa (Família)
Ou dedicar respiração comendo a luz do Criador (Sol)
Iluminados como Cristo e Buda (Encarnação)
São eternos na consciência dos vivos (Vishnu)
Porque antes o início nada existe (Brahma)
E no fim nada existirá (Shiva)
Porém inicia-se infinitamente de sempre a sempre (Infinito)
PARABRAHMAN é o inexplicável (Mor)
Se os planetas são distantes e manifestam (Espaço)
Então influenciam as horas dos dias (Tempo)
**
Força
Sabedoria
Agora
Terra
Filhos
Original
Família
Sol
Encarnação
Vishnu (Meio)
Brahma (Início)
Shiva (Fim)
Infinito
Mor
Espaço
Tempo
***

sábado, 24 de outubro de 2015

TERRINHA

*
Porto belo
Porta aberta
Casas grandes
Mil cores
Sons, canções
Punho forte
Beijos quentes
Mar do norte
Luz à vista
Brancos grãos
Noites longas
Dias bons
Brava gente
Solo meu
Nosso amor
*

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

SOU EU MACULELÊ SOU EU

*
Neste momento não sei se chove ou chora 
No céu ecoou um travão forte, enorme
Parecia galopar sobre nossas cabeças frágeis
Eu tenho esperança nesta força da natureza
Quando se estende por segundos seguintes
Penso que acontecerá alguma salvação
Este trovão é um estrondo de transbordo
Dos episódios que vem acontecendo na política do Brasil
Ele veio como um prelúdio de grito à beira do desespero
São isentos de tristezas os placares dos jogos de futebol
Os finais de novelas e o calor incontrolável
Os passatempos vão perdendo a graça
Por causa do sistema de organização do país
Como não sentir raiva em uma hora de noticiário?
Ver indivíduos de gravatas roubarem milhões
Sentarem-se aos montes em bancadas de veludo
Lesarem a sociedade, prejudicarem a nação
Dá vertigens imaginar a quantidade de "infiéis"
Desleais, ladrões, criminosos, malfeitores
Tantos a serem protegidos pela Constituição
Atrás das pompas do Palácio e seus setores
Departamentos falhos e sistemas labirínticos
Quando o trovão ronca eu torço para que acorde
Um feroz leão gigante ou estimule os justiceiros
E que remova a maldade por um sistema novo
*

TOO MUCH

*
If cheerful girl
I am a Crusader
That follows the stars in the sky
Because you inhabit my head
It makes me forget the severe brands
Show me a place to build the house
The wind shows me the way north
And I feel his distant smell
I imagine your taste in dreams
We live between heaven and paradise
But I can teach you the nirvana
Show me your tricks
You need to walk towards me
So let us unite our hearts
*

terça-feira, 20 de outubro de 2015

INTEGRAL

*
Vou já me despedindo
Sem sorrir nem chorar
Com a mão esticada 
E o dedo levantado
Nem perguntem qual
Sem anarquismo afinal
Mas sem gentileza moral
Indignado com as taxas
Das coisas que nem compro
Com os condutores do país
Que são comédias falhas
Que limpam a boca na bandeira
Sujando a bandeira com as falas
Puto com as “putarias” das meninas
E as “trairagens” dos barbados
Lesado pela ganância dos barzinhos
E seus donos pouco simpáticos
Depois de me roubarem até o sopro
Eu me despeço do berço forte
Protegido por um mistério invisível
Decidido a revelar novos caminhos
Rumo ao velho mundo descoberto
Grato apenas ao angu de milho
*

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

GIN

Toda vez que vou à sala vejo um geco branco
Que me fita antes de correr para se esconder
Se deixa um pedaço do seu corpo por seguro
Em dois ou três dias está de novo feita a calda
Há um livro(*) que diz que o geco fala com o biólogo
No local mais oriente onde o sol acorda primeiro
Quem me fala são pessoas da direita e da esquerda
Ambas sujas, imundas, atoladas em desonras
Que tratam o país como um tabuleiro de xadrez
Sem rei, de fato, nem mesmo pressuposto, de partida
Com um centro sem mesa, nem cadeiras, nem cabeças
Que pensem na real urgência necessária presente
De mudar a história com amor à pátria e bem ao povo
Pobre povo que aos milhões foram misturados
Pelos imperialistas mais ousados do outro lado
Menos sacanas que estes todos engravatados
Restam-me os guerreiros da casa justa e oficial
Que caçam singulares, jurídicos, públicos e “lionários”
Os que atrasam o progresso básico e fundamental
E envergonham sobrenomes de trabalhadores
Professores, construtores, agricultores e fazedores de pão
Aos que nos traem com as pompas das posses
Parem, vocês merecem o xeque mate
Aos que me verão por último na fronteira
Sabe o que o GIG falou para o OPO?
Vou primeiro ao MAD MAX
Diga às crianças que cresçam
Comam, durmam e leiam
Mandem brasa, mãos à obra
Boa sorte e até mais vê
________________________
(*) Maya, de Jostein Gaarder

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

I'LL

You are ready?
Of course not, maybe yes
It is likely that escape me
You will not search me
But you know that I'm around
Because November is sweet
I'm going to teach childrens
And study the river fishes
Mixing science and arts
The month of December will be "hot"
If you want to stay next to me
Let's walk in beautiful roads
To learn about our life
We will climb the same ladder
To the top hoist the same flag
Already has a daughter ready
And other childrens more to come
We will have a sound house
To toast with friends
Because I am of this place
And I want to tell you where I came from
Anyway, I 'm going again
Wait, trust and save for me

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

A PRIMEIRA TRAVESSIA

*
Era verão de 2006. Eu vivia na ilha verde, São Miguel. Meu visto tinha expirado, mas eu estava integrado no grupo de pesquisa da Universidade. Eu trabalhava dentro da boca de um vulcão cheio de água conhecido como lagoa das Furnas. Porém os trabalhos estavam reduzidos e eu estava determinado a fazer o caminho de Santiago de Compostela pela primeira vez. Eu estava numa ilha pertencente a um arquipélago, no meio do oceano atlântico norte e tinha a sina de caminhar. Meu dinheiro era pouco, vivia em uma comunidade estudantil alternativa que além de estudar, nas horas vagas pintávamos e fazíamos músicas. Escrevi uma carta à Capitania dos Portos daquela ilha com intuito de obter autorização de carona (boleia) em algum navio mercante que fosse de São Miguel para o continente. Obtive do Capitão do Porto a indicação para procurar as empresas de navios mercantes da cidade. Assim o fiz. Listei três que atuavam entre ilhas e continente e escrevi-lhes uma carta. A carta tinha o mesmo teor que aquela enviada para a Capitania dos Portos. Rezava que eu estava em formação na ilha, vivia de forma simples e queria fazer o caminho de Santiago a pé. Uma semana depois umas das empresas me retornou um email convocando para comparecer à Sede. Lá fui e conversei com os responsáveis pelos embarques. Disseram-me que a diretoria havia aceitado meu pedido. Eu iria embarcar no navio mercante São Rafael com destino a Lisboa e depois Porto. No dia “E” do embarque, me despedi dos amigos de casa e com apenas uma mochila e 150 euros fui para o porto mercante de São Miguel. O navio zarpou e durante 3 dias naveguei (o capitão navegou por nós) de São Miguel a Lisboa. Durante três dias e noites vi o nascer e o por do sol mais bonitos na imensidão do mar com o céu mais carregado de estrelas na escuridão das noites. Era impossível distinguir no horizonte o que era céu e a linha d´água. Após três dias cheguei na boca do Tejo de manhã bem cedo. Passei pela Torre de Belém à minha esquerda, por baixo da Ponte 25 de Abril e atraquei no porto de Santa Apolônia. O piloto – oficial da marinha mercante que tem funções de auxiliar a entrada ou saída das embarcações nos portos – subiu a bordo com o fiscal de documentos da tripulação. Assim que o navio atracou fui convocado à sala do Capitão do navio. O Capitão era um alemão de 2 metros, robusto, barbudo e sério que me fitou com um ar furioso. Não fitou apenas, esbravejou: - “Você a partir de agora está preso no navio!”. A minha peregrinação parecia ficar por ali, mas não ficaria por ali ao final. Na verdade não chegaria a Santiago, naquele investida, mas também poderia ter sido pior. O fiscal era um senhor mais calmo e compreensível. Ouviu com toda atenção minhas explicações sobre a ausência do visto, foi franco e ainda me explicou que eu tinha duas opções, ou melhor, dois destinos, nenhum deles escolhidos por mim, mas sim por ele próprio, o fiscal. Se eu saísse do navio era dever dele me extraditar e ele não queria fazer isso, pois estava convencido que minha intenção era boa, tanto as atividades e formações na ilha como a própria peregrinação. E como eu estava num navio de bandeira alemã, sob jurisdição do Capitão do navio, o próprio ordenou que eu ficasse preso no camarote do navio, até à volta a São Miguel. Essa volta duraria não somente três dias de viagem, mas três dias atracado em Santa Apolônia, mais um dia de viagem ao porto de Matosinhos no Porto. Só então dali teria mais três dias de viagem de volta à ilha verde de onde havia saído. A verdade é que enquanto o Navio São Rafael esteve descarregando e carregando mercadorias em Santa Apolônia, obtive uma informação dos marinheiros, já meus amigos durante a travessia, que o Capitão iria se ausentar por dois dias adentro de Lisboa. É evidente que fiz o mesmo, e confesso minha “fuga” do camarote do navio ao driblar os oficiais de máquinas ingleses. E veja bem que nesta oportunidade poderia ter colocado o pé na estrada e seguido clandestino até Santiago. Demoraria cerca de 50 dias em caminhada até lá, mas não iria viver como um fugitivo ainda mais prejudicar o camarada fiscal que me deixou permanecer na embarcação. Durante dois dias, muito quentes de agosto em Lisboa, percorri a marginal sem me afastar tanto do porto. Fui em direção à estação de Santa Apolônia, pisei o Terreiro do Paço sem cruzar o Arco da Rua Augusta para o centro da cidade e logo acima subi uma das ladeiras de Alfama até chegar ao Panteão Nacional. Minhas caminhadas durante dois dias foram por ali. No final da tarde de volta ao navio, preso ou livre, conseguia ver o céu alaranjado e do alto do mercante os dorsos de grandes tainhas nadando em cardumes. Na noite que precedeu a viagem ao porto de Matosinhos tive um pesadelo daqueles que não se esquece jamais. Sonhei com o terremoto de Lisboa ocorrido em 1755. Assustado e suando pelo calor que já fazia às 7 da manhã dei um pulo da cama com o navio já em movimento e quando olho para fora, estava passando justamente em frente à torre de Belém. Ali já sabia que estava novamente na boca do Tejo de saída para o norte. Meio dia mais e chegamos ao Porto, de noitinha. O navio entrou pela manhã apenas, já com as minhas informações atualizadas aos fiscais locais. Passaria meio dia em Matosinhos, e sem o Capitão no navio fiz mais um escape, tendo percorrido a orla, o mercado de peixes e a zona portuária do norte. Cheguei a procurar o Consulado do Brasil no Porto, ao pegar um ônibus até ao centro, mas não teria tempo de resolver minha situação, o navio zarparia dentro de 3 horas novamente rumo a São Miguel e eu tinha que voltar. Assim foram mais três dias de navegação rasgando o mar do oriente para o ocidente rumo ao Arquipélago dos Açores, de volta, acompanhado de golfinhos surfistas, tartarugas, peixes voadores e cagarros. Já próximo aviste ao longe as magníficas e imponentes silhuetas das ilhas de Santa Maria e São Miguel. Chegaria ao porto de Ponta Delgada – São Miguel, sem saber o que me aconteceria. E logo soube quando cheguei. Desembarquei direto para o SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras) onde um inspetor muito sério me atendeu. Ele já sabia dos meus feitos e por isso falou bastante tempo com tom rude referente ao visto. Quando chegou a minha vez de explicar, disse as mesmas coisas que havia dito ao Capitão da Capitania dos Portos, aos diretores da empresa mercante e ao fiscal de Lisboa; e agora ao inspetor do SEF: - “Eu sou um peregrino, sou um Sebastianista”. Uma semana depois com apoio da AIPA (Associação de Imigrantes dos Açores), fui até Vigo na Espanha, de avião, tratar o visto de estudos por um ano. Em outubro de 2006 pousei no Porto novamente para iniciar a primeira peregrinação até Santiago de Compostela, que durou 12 dias de caminhada, 6 dias de navegação e 4 dias da mais libertária prisão. 
*

domingo, 11 de outubro de 2015

AGE OF KINGS : A DESCRIÇÃO DE ALFONSO

*
Era o guardião do albergue 
Um gigante engraçado
Era mestre sala e cozinhava
A peixes que não cheiravam
Mas fartavam a população
Sentado à mesa ele mastigava
Tanto a sorrir por bondade
Como o devorar de sua arcada
Ao mesmo tempo pró, guia e findo
Poucos homens fazem relíquias
Aqueles que agem sequenciam
Naturalmente a marca da base
Que é fundamental para organizar
O entendimento de todas as coisas
Chega-se assim por absoluta crença em Deus
*

sábado, 10 de outubro de 2015

CORTES

*
Na boca do copo o último pingo transborda 
As contas agora serão mais baratas
Não por causa da redução dos consumos
Mas porque o bicho do mato vai se desligar
Nem quero pensar sobre o que pensam
Já sabem vocês que meu bolso é furado
Meu cel. não tem número e não assobia
Meu carro é meu corpo que vai a andar
Meu trabalho entre muitos é a filosofia
Eu não sou rejeitado por hippies e loucos
Mas pelos da classe, dos jogos, dos casos
Anotem qualquer coisa nestes papeis coloridos
Usem até mesmo se forem ao mato “caçar”
Eles foram feitos para mim e para eu vos dar
Mas como vos testo se gostam de artes
Voltarei a ser vosso amigo quando dinheiro eu ganhar

*

TRÍVIA: GRAMÁTICA, RETÓRICA E DIALÉTICA

*
O caminhante está sob a águia
Ele observa o leão sobre a mesma
Na rua de nome francesa
Mora a bandeira natal
Local de batalhas da invicta
De exércitos de irmãos contrários
Com via ao mar e ao queijo
Castelo do douro amado
Bem visto horizonte do norte
Dos ventos que chegam ingleses
No cais onde aportam navios
Ribeira de cores douradas
De onde falo?

*

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

TRIMATER

*
O arranque do galope é a minha velocidade
Energia contida que num instante explode 
O metal é minha fé, pois esfria meus desejos
O aroma do incenso me acalma em paz
A Cruz de Santiago é um escudo de luz
Ela também é a minha espada voraz
O anel de vieira é seu! Definitivamente, seu
Diz-me que freie o cavalo sem queda
Diz-me que quer realizar junto a mim
Saiba que um dia terei que usar essas peças
Quando o mental não mais esfriar meu calor
Rapidamente diz-me que aceita este triunfo
Diz-me que quer escutar tudo que é bom
*

MINHA CARA COROA

*
Tem tanta coisa na vida que é inexplicável 
Um almanaque de intrigas a quem busca respostas
Para desvendar os mistérios da humanidade
É preciso aceitar todas as possibilidades
Diante de tanta variedade passada e presente
É um desafio acertar o que virá na sequência
Esta é a prova para quem busca o extremo 
É possível apaixonar-se profundamente distante
É possível uma incontável de coisas extravagantes 
Há os que vivem sem pesquisarem o místico
E descobrem apenas o que olhos enxergam 
Contudo uma coisa é bem simples saber
Que o tempo caminha em silêncio constante
A frente dos bravos passos dos conquistadores
Zombando das dores e glórias dos amantes
Vencendo a soma de todos os brados retumbantes
*

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

DOM KISS HOT E SANTO PANÇA em... OS FEITOS DO PASSADO

*
(...) Kiss Hot não pode ser visto ainda porque se afastou tanto do mapa que se encontra mesmo à margem dele. Nem pombos correio chegam ou partem com informações. É nessas horas que Kiss Hot é lembrado. Como o seu presente é de profunda solidão, tendo abandonado a leal presença de Santo Pança e as birras de Dora Té (queres chá?), o melhor é o narrador contar-lhes alguns feitos do louco errante. Certa vez, Kiss Hot tomou um grande porre de vinho numa taberna, juntamente com Pança. Ele teve a coragem de subir no balcão e gritar bem alto: “Eu sou um semideus na terra! Porque os deuses estão no céu!”. Mas essa história não é muito boa, não tem grande piada. Noutra ocasião, Kiss Hot montou seu cavalo e num galope montanha acima chegou ao cume de um vulcão. Só que este vulcão não tinha lava. O vulcão estava cheio de água. Então Kiss Hot pegou umas bananas de dinamite e explodiu um lado da boca do vulcão, fazendo esvaziar toda água. Naquele mesmo lado onde vazou a água, Kiss Hot fez explodir um paredão na encosta onde as pedras que caíram restauraram a boca do vulcão fissurado como uma barreira contentora. Logo em seguida o magma subiu e tomou o espaço onde havia água, formando uma verdadeira lagoa de fogo. O terceiro feito de Kiss Hot é bonito. Certa vez ele passeava com Dora Té, até que viu um filhote de águia no chão. O filhote não tinha forças para voar, nem mesmo penas tinha, era um recém-nascido. Kiss Hot pegou o filhote nas mãos e lançou o mais forte possível para cima de um casarão abandonado para espanto de Dora Té que achou aquele ato um tanto bruto. Dois anos se passaram e Dora Té estava num prado colhendo flores para sua casa quando uma cobra venenosa pronta para dar-lhe o bote foi caçada como um raio pelas garras de uma grande águia vinda do céu. Dora Té, correu para os braços de Kiss Hot e com um beijo quente de agradecimento disse-lhe: “- A sua antiga força me salvou!”
(...)

MAIS UMA RAINHA MORTA

*
Quantas são?
É meio dia em ponto
Mas é sempre uma
Que escapa entre os dedos
Ou foge de medo da fera
Dorme à beira do precipício
Enriquece-me o solo, bela
Empobrece-me a prole por vir
Escolhe um baú sem chave
Indica-me onde fica o claustro
Tomba-me sem nunca tocar-me
Sangra-me como alma penada
Deixa-me debaixo dos panos
Puxa-me o tapete dos pés
É só uma que me agita
Que vive quando a descubro
E morre quando larga a minha mão
*

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

TIMÃO NAVIO

*
Deixei no vento meus sentimentos
Chegou aos ouvidos de quem não me vê
Com esperança de baixar no Porto a âncora
Para fazer um elo belo de dois polos eternos
Que mesmo fixo chegaria aos quatro cantos
E encantaria o Mundo o ventre a brotar flores
Foi então que o vento retornou com fumo cinza
De um fogo (outro) em minha mata atlântica
Na verdade tenho trauma das perguntas simples
Nunca mais me veio o extinto de quem busco
Porque as respostas gostam de me ver lutar
Só entenderá quem se propuser acreditar
*

O DENTE DE LEÃO QUEBRADO

*
Abri o peito
Armei a lança
Montei OGALO (Cavalo)
Cheguei à borda d´água
E uma onda forte me molhou
Dizem que o destino é imutável
Dizem que o destino é inevitável
Dizem que o destino é construído
Mas tenho certeza que sou marcado
A ficar apenas com o fôlego que dói
A lançar a flecha, mas ser atingido pelo alvo
A caminhar em alto mar e navegar em terras bravas
E sorrir apenas quando as gotas todas do oceano secar
*

O TESTE DA LÍNGUA

*
Nunca esquecida algures na memória
Fiz um apanhado de todas as líricas
Atarraxei com os textos de início 
E cheguei à conclusão que isto é um filme
Que se passa em dois países, pelo menos
Em que um, bejecas e chouriços são baratos
E no outro qualquer montra nem por isso
Minha prenda é meu pulso, punho, vivo!
Não estou às voltas nas rotundas moribundas
Porque as rotas do “meu globo” abraçam o mundo

*

terça-feira, 6 de outubro de 2015

SOBRETUDO QUADRAS DE DOIS LADOS

*
Essa brisa à tardinha
Traz lembranças atinadas 
Em encontros com amigos
Nos bancos destas praças
*
Lembra os “Verdes” que já foram
E os “Verdes Verdes” que ainda irão
Movimentos que despertam
As escritas em comunhão
*
Bem aviso, me espera óh menina
Que tão longe está em terra ao norte
Vou cruzando o mar atlântico
Para casa como um Grão forte
*
Maestria, majestade, magnífica criatura
A magia é uma Tradição que alimenta
A alegria de um coração que busca
A continuidade de uma vida intensa
*

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

JONNY QUEST

*
Não sei quem é menos ativo
Eu que só vendo quadros? 
Ou os donos dos anfiteatros? 
Não sei quem é mais miserável
Eu que só bebo quatro garrafas?
Ou os bares que cobram o som nato?
Não sei quem é mais pequeno
Eu que não tenho sapatos?
Ou os janotas dessa cidade?
Não sei quem é menos errado
Eu que preparo para a partida?
Ou os que esperam o local sair do lugar?
*

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

LINHAGEM

*
Também vista na palma da mão
Talvez o último dos moicanos
Porto bravura que aumenta
Passam anos sem ser em vão
Saboreei a vitória e a derrota
Por isso estou imune a ambas
Pulsa em mim um coração de leão
Dádiva ou castigo isto é somente grão
Diante da distância do que existe além
Simplifico acreditando que lá está cá
Um segredo é a força que a fé tem
Faz poucos gozarem a verdade da vida
Onde outros andam sem saber pra onde
Eu ando em busca de alguém para amar
Confundam-me, ignorem ou glorifiquem
Só vou parar quando meu tempo acabar
*

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

CATIVANTE

*
É ela que na escada pausa, olha e suspira
Vagando deixa a fera escapar às suas garras
Não encontra um filme acima 
Mas atores em salas multicoloridas sim
Pois o enredo ainda se escreve
É um sem fim de palavras belas
Que o som das mesmas se espera descobrir
Enquanto a imaginação é o que há no guião
As malas se encontram na porta
Rumo aos capítulos do teatro da vida
Que não tem data para o fim
Mesmo que acabe um dia, é certo
Uma vez que propus chegar ao princípio
Confie em mim, nós vamos projetar uma história real

*

MEMÓRIAS DE UM IDO (S. MIGUEL/AÇORES - 2004)

Acredito: Depois que você entra no paraíso você descobre tudo aquilo que projetava e o que realmente existia. Além disso o que haveria ou nã...