quarta-feira, 19 de março de 2014

A GERAÇÃO LAETIX VIGÍLIA



As tias de segundo grau acompanhavam a avó até o fim da vida. Reuniam a família quando assentavam em cadeiras de cordas colocadas na calçada em frente às suas casas. Os tios, com postura de dedos debaixo do sovaco, um cruzar de braços clássico, assentavam em bancos de madeira, alongando as pernas e algumas vezes também cruzando os pés. Isto era certo em quase todas as noites quentes de qualquer estação do ano, que ventava e trazia um cheiro de chuva, armando um toró no céu. De prontidão já esperávamos para acender as velas quando o blecaute acontecia comemorado por todas as crianças que brincavam na praça. Certa vez uma tia de segundo grau, ainda em companhia da avó, dentro da típica casa cristiana (crucifixo) de piso judaico (branco e frio) e máquina de costura em ferro antigo, me contou que os avós delas vieram num navio inglês, mas eram pois, portugueses. Contou-me ainda, histórias das tranças dos cavalos e das roupas brancas que na corda do quintal molhavam no orvalho enquanto a fumaça do cachimbo do saci confundia-se com a fumaça da lenha da lareira. E ao mesmo tempo que eu conhecia a minha origem, tinha medo desta parte, ainda mais na quaresma. Vendo isso, minha avó me ensinava a tríplice, preparava o banho do meu cavalo em bacia prata e alimentava o meu corpo com o mais simples prato.

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