terça-feira, 9 de setembro de 2014

SHIVA, KRISHNA E MAIS

Nas noites do Porto eu vi algumas figuras marcantes. Levava comigo quase sempre um instrumento de sopro que sonorizava quando estava mais desinibido e a rua cheia de gente. Diria que estas pessoas marcantes apareciam num ápice, participavam do som e logo sumiam misteriosamente. Porém eram de fato reais. Posso relembrar um e outro. Um, trazia consigo um instrumento de toque e seu sorriso seguro era constante. Sua batida no tambor era forte e eu ritmava o sopro por minutos contínuos em conjunto com ele. Os ouvintes não se aproximavam muito mas ficavam com os ouvidos colados, gratos talvez pela substituição do murmurinho massivo das conversas. O outro, fazia um assobio, uma vibração sonora sem qualquer instrumento, exceto a própria caixa bucal. Quando ouvi a primeira vez aquele som fiquei à procura de outra flauta pois esse era o som que se assemelhava. Depois que descobri que era alguém ao meu lado a fazer aquele som fantástico tive um enorme respeito por aquele indivíduo ao ponto de imaginar que era um sinal do próprio Krishna. A minha felicidade maior era ter estado junto destes personagens como uma dádiva sem os ter procurado mas os próprios procurado a mim. Entre outras pessoas que conheci nas noites do Porto haviam outros personagens mais assíduos, não menos marcantes que estes dois lembrados. Nas ruas haviam pelo menos 10 guitarristas, 5 percussionistas, 3 flautistas, 2 gaiteiros e muitos cantores e cantoras. Era um encontro que prosseguia num palco aberto, uma enorme banda livre, sem medos, cercada de beldades participantes que passavam noites quentes, frias ou chuvosas e chegavam até o dia claro seguinte neste evento vivo que não acabou ainda.

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