quarta-feira, 25 de março de 2015

O VELHO DA TORRE, O APRENDIZ E O COXO

O velho da torre era sempre incisivo. Aprendia-se tudo com ele. Feliz o aprendiz. Ele havia lhe dito que poderia escolher sentar-se sob uma macieira e sentir o cheiro dos prados ou tomar as rédeas do país e mudar o rumo da história. Era como optar em dormir durante o dia ou durante a noite. Foi então que um coxo que vinha toda semana receber os tratamentos do velho da torre ouvindo a conversa, perguntou: “O que se faz durante a noite acordado sendo que é durante o dia que as coisas funcionam?” O aprendiz já imaginava que seria uma resposta daquelas vinda do velho da torre e sentou-se na cadeira da sala frente a mesa com um lápis na mão e na cabeça as ideias da revolução. O velho da torre disse assim ao coxo: “O tratamento que lhe faço na verdade é de mentira. Os remédios que lhe dou são apenas água e sal. Quem lhe trata é você mesmo ao subir as escadas dessa torre crente que sou eu que lhe curo. A importância de estar ativo à noite é equiparada a estar ativo durante o dia. Bendizer os padeiros. É possível sentir o cheiro dos prados a qualquer hora, tal como a revolução. Se eu fosse até você para levar remédios verdadeiros eu não seria o velho da torre e você não seria um coxo ativo.” O aprendiz escreveu, o coxo mancou e o velho sorriu.

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