sexta-feira, 8 de abril de 2016

BELÉM

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Lembro que minha avó de pai bebia café com leite e comia bolachas com manteiga antes de dormir. Ela tinha uma despensa onde a porta era um pano de chita. Ela costurava com a cadeira de costas para o meio e eu brincava com “tuturus” (eixo das linhas) nas bordas da sala. No quintal o sol batia antes numa goiabeira dourada imponente, que emanava um cheiro doce misturado com o cheiro d´alho e vinagre nas panelas. A janela da frente do quarto dessa casa era voltada para uma rua de nome Papal, onde trabalhavam barões, viviam pracinhas e chegavam e partiam rodoviários andantes. Eu aprendi a rezar nesse quarto, em uma noite de quaresma na beira da cama com o meu anjo da guarda e as três cruzes na fronte. Eu nunca conheci o meu avô de pai. Ele se chamava Ari. Mas eu conheci o meu tio que também se chamava Ari. Eu terei um filho (quando isso acontecer). Seu nome será Ari.

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