terça-feira, 12 de abril de 2016

LEÃO

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Lembro que o meu avô de mãe tinha sempre um sorriso no rosto mesmo que estivesse enfurecido. Certa vez sob uma árvore de copa parabólica ensinou à dois de seus muitos netos que a selvageria humana é uma armadilha para a natureza silvestre. Com isso ele estava farto e por isso resolveu fazer dos pássaros engaiolados seu rádio de comunicação. Seu abraço era com a barriga dura. Seu bigode nos dedos enrolava. Antigamente era conhecido por ser um branco cavaleiro de olhos azuis, "pastor" de gado, levante de leste a oeste, quiçá de norte a sul. Conhecido também por Zé Bonito e Seu Leleco da Dona Neida. (Lusofonia). Era o Pinheiro guardião da varanda das samambaias onde os espíritos se reuniam. Morava na torre das minas d'águas mágicas, na porta da floresta dos saguis. Na coluna da sala uns tatus empalhados. Na coluna da cozinha um berrante suspenso. Eu tenho a sorte máxima sem querer e com humildade, porque o passado não morre. Ele muta, vira presente, renova. E numa foto memória conjuga a árvore genealógica com a natural postura que é parte da história do seu próprio ser em desenvolvimento.
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