segunda-feira, 11 de julho de 2016

SOBRE UM GRÃO DE AREIA PLANTAREI UMA FLORESTA RICA INTEIRA

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Aprisionei nas profundezas do magma vulcânico de uma ilha um demônio depois que colori todas as paredes da cozinha que dava aos fundos de um quintal onde a noite os hippies acendiam fogueiras para celebrarem a alegria. Em uma primavera tracei os três países sul da Europa, dormindo em campos, banhando em rios, soprando harmônica, gravando imagens, fazendo um filho. No novo mundo soltei o meu leão que de tão feroz isolou para longe a meiga cerva dona do meu coração. No velho mundo novamente subi aos santuários a meditar, finquei minha bandeira e fé, saltei de cume em cume das montanhas, cheguei aos pés do polo norte para buscar minha semente. Senti a atmosfera milenar da rota santa da cabeça aos pés, reconheci as pontes térreas e as pedras fundamentais, beijei beldades, criei mosaicos e labirintos, colhi, doei comidas, palavras e cantos, ensinei, lutei,feri-me e voltei. O novo mundo me alimenta e me faz mais sedento a querer navegar pelo atlântico entre o velho e o novo tempo, como que em portas do passado, presente e futuro pudesse entrar. Dentro da mente uma prece que repete um canto em língua do oriente que são símbolos, e a difícil e satisfatória sensação de ser dono de um lugar que é maior que uma vida só para provar. Por isso hoje eu quero abrir mão disso tudo, pois só preciso de um grão de areia onde sobre ele plantarei uma floresta rica inteira.
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