sábado, 27 de agosto de 2016

SOBRA (Isto não é uma ficção)

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Eu me recatei porque definitivamente ou mais que as outras vezes meu dinheiro acabou. Eu precisei pedir ao intelectual socialista que abrisse a sua carteira - com a habitual educação imperativa minha e após soprar uns arranjos barroco na flauta doce - para que me concedesse uma moeda para comprar um cigarro no fim da última noite. Eu recebo críticas diretas sobre estes fatos. Tanto, muito, que as ouço como murmúrios vindos das paredes. Vale ressaltar que minhas camisas são mesmo velhas, os punhos rasgados, limpas, mas surradas. Eu já tive coisas novas, aliás, eu já tive uma biblioteca cheia, um salão no topo com o piso de tapetes, quadros, espada na parede, instrumentos musicais e muitas outras peças materiais que naturalmente ficaram velhas ou as perdi. Há muito tempo eu ando a perseguir a sorte. A sorte é um mistério, um enigma, um momento escondido, é uma revelação de muitas faces. Mas o que eu quero mesmo encontrar é o amor que me reconhece sob trapos. Pois o amor renova, iguala e transborda.
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