quinta-feira, 27 de outubro de 2016

CONFISSÕES DE UM PESCADOR

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Avisa lá na Central que há brasileiros demais além da fronteira. Ah se Galileu soubesse que a fácil liberdade da ciência hoje é tão mal patrocinada por um combustível negro capaz de esgotar em 100 anos só por causa de viagens de lazer dentro desse globo. Responda-me, por favor, CNPq e CAPES, sem rodeios, com gráficos e cabeçalhos, quantas pessoas foram para fora do país com intuito de formarem-se, desde o início da sucção da piscina debaixo do sal? Quantas voltaram? Com o quê dentro dos canudos? Quais teorias defendidas e aplicadas desde já para o bem dos nossos netos? Eu já contei essa história, mas tenho gosto de reforçar os capítulos. Início: Eu saí em 2003 após longínquas experiências voluntárias em parques e reservas ambientais do Brasil. Tive que vender rifas de uma geladeira para angariar a passagem, a primeira. Além de receber a cortesia de um teatro e a dádiva de uma “fábrica madrinha”. Fui para o meio do Oceano Atlântico Norte e além de ter concluído o curso – fator principal da minha saída – sem qualquer bolsa (financiamento) do governo, ainda andei a pescar peixes dentro da boca de um vulcão. Apenas 4 toneladas. É verdade que fui contestado pela alma de um amigo, que Deus o tenha, mas entendo, é porque eu tentava caminhar em alto mar e na verdade era mais fácil jogar bola aos finais de semana. Mesmo assim fiz um relatório quase único, pois atípico, meu relatório foi filmado em mais de 10 horas de gravações que congelaram além de ciência a cultura local. Na defesa do estágio já no fim do curso deram-nos, aos finalistas, apenas 15 minutos para concluir o trabalho de 3 meses intensivos. E a minha introdução, acreditem, tinha tudo a ver com o Dom Sebastião. Logo consegui explicar apenas essa parte o que me rendeu a aprovação. Beleza. É verdade que meu tutor zangou-se comigo por eu ter roubado o jipe para sair com uma russa, mas também se alegrou comigo por eu ter reunido a malta para comer os peixes que virariam biogás. Depois então eu fui pra terra firme e migrei em duas Universidades onde numa eu perguntava tanto aos professores que um decidiu me chumbar. Tudo bem, era genética e esse não é o meu forte, exceto o fato de ser um sobrevivente da procriação dos meus antecessores. Isso me renderia também a média, não acham? E de fato existiam outras Universidades em Portugal. Decidi ir para a Invicta, mas ali só teria teoria, nem mesmo tanto Piolho (Bar) enquanto as minhas práticas eram feitas na Galiza. Vocês estão seguindo o trilho? Eu não tinha bolsa alguma. Eu já tinha uma cria! Na Galiza eu abria as cabeças dos peixes e extraía cristais. Tá tudo registrado para maiores informações, caso alguém desse país ou daquele precise de alguém que saiba sobre peixes. Ora, afinal essa é uma confissão de pescador. E hoje estou aqui, nesse país com 27 capitais mais as outras grandes cidades, com litoral, interior, e tá tudo uma zona (bagunça) só. Os professores estão colocando minhocas nas cabeças dos estudantes, e as minhocas são iscas de peixes. Os peixes, que são muitos, mas digo os peixes grandes, no sentido figurativo da palavra quero dizer os políticos, estão sendo pescados, mas parece que reproduzem mais que a sua mortandade. Chego a uma conclusão de stock. Vejo aquários gigantescos, com a estrela de Davi, com ícones de partidos cheios de lampreias (parasitas), que pagam a ração aos funcionários, vejo rios secos, sujos, fedorentos, um calor do inferno e é por isso que, ou caio na água e luto como um Netuno ou voo para além da fronteira, para a tal Pasárgada.
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