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Irmão, estou mesmo entre dois
países. Tenho a idade de Cristo, não durmo a hora certa, não acordo para bater
ponto. Quase toda vez que olho para o relógio vejo os números repetidos. Li em
algum lugar que isso pode ser um sinal de qualquer coisa do universo. Ora, faz
sentido, qualquer coisa do universo é bem possível que seja verdade. Engordo,
ainda que não coma a rapa do angu todos os dias, pois a madre mia escondeu meus
desenhos e isso não se faz com um projetista. Por outro lado o café da tarde me
faz comer dois pães e ainda os miolos que sobre a mesa ficam. Converso com
poucos, coisas interessantes, medito bastante, sobre as crenças dos homens,
quando ando expio o céu, para ver o que lá vem, e de fato não acho um tostão no
chão. Tenho apenas uma flauta e uma cria distante. Há muito tempo quero servir
a Marinha, destes dois países, inclusive, mas não há nenhuma guerra ainda que
precise de um corpo à frente de imediato. Não que recrutem apenas guerrilheiros,
pois há outras chances para um aventureiro entrar nos moldes do padrão. Em
falar nisso, sinto que a sexta república do meu natal será atingida por um
canhão. A terceira dos patrícios meus, também. Elas estão capengas, não se vê
comando, brio ou inovação, as escolas são covis, hospitais são cadeias, a
diversão só passa na televisão, xii... que coisa horrível. Estou lhe escrevendo
porque tudo que penso se realiza. Já cheguei de chinelos na Catedral no fim do
mundo, já naveguei a fazer cada onda o meu porto, já vigiei a fome e o membro
que aumenta, já convivi com vizinhos do Everest... Então quando eu chegar de
branco em sua presença, por favor, não se assuste, pois chego pra deixar a
patente dormente, entrar no meu claustro, preparar a saída, para o senhor
coroar.
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