sexta-feira, 18 de novembro de 2016

CARTA AO AMIGO FRAN CRIPTOGRAFADO

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Irmão, estou mesmo entre dois países. Tenho a idade de Cristo, não durmo a hora certa, não acordo para bater ponto. Quase toda vez que olho para o relógio vejo os números repetidos. Li em algum lugar que isso pode ser um sinal de qualquer coisa do universo. Ora, faz sentido, qualquer coisa do universo é bem possível que seja verdade. Engordo, ainda que não coma a rapa do angu todos os dias, pois a madre mia escondeu meus desenhos e isso não se faz com um projetista. Por outro lado o café da tarde me faz comer dois pães e ainda os miolos que sobre a mesa ficam. Converso com poucos, coisas interessantes, medito bastante, sobre as crenças dos homens, quando ando expio o céu, para ver o que lá vem, e de fato não acho um tostão no chão. Tenho apenas uma flauta e uma cria distante. Há muito tempo quero servir a Marinha, destes dois países, inclusive, mas não há nenhuma guerra ainda que precise de um corpo à frente de imediato. Não que recrutem apenas guerrilheiros, pois há outras chances para um aventureiro entrar nos moldes do padrão. Em falar nisso, sinto que a sexta república do meu natal será atingida por um canhão. A terceira dos patrícios meus, também. Elas estão capengas, não se vê comando, brio ou inovação, as escolas são covis, hospitais são cadeias, a diversão só passa na televisão, xii... que coisa horrível. Estou lhe escrevendo porque tudo que penso se realiza. Já cheguei de chinelos na Catedral no fim do mundo, já naveguei a fazer cada onda o meu porto, já vigiei a fome e o membro que aumenta, já convivi com vizinhos do Everest... Então quando eu chegar de branco em sua presença, por favor, não se assuste, pois chego pra deixar a patente dormente, entrar no meu claustro, preparar a saída, para o senhor coroar.

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