quinta-feira, 5 de abril de 2018

NA GRUTA (A FASE POBRE)

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Aqui de dentro escrevo e vejo o que algumas pessoas não devem entender. Talvez pela incapacidade ou por falta minha ou delas, mas também por birra ao sentirem-se incomodadas por estalos insistentes. Não uso frases floreadas ou palavras só sabidas no dicionário. Não tenho padrinhos nem madrinhas de logomarcas coletivas. "Não fico atrás da mesa com o celular na mão". Não. Tenho marcas ocultas pesadas que devo revelar todos os dias. Não são pagas, também não pago. Estou na gruta. Numa cidade cheia de excelentes artistas novos que sempre podem inspirar-se nos velhos e unirem-se para organizar a revolução. Esse é o peso. Bom. Não tem valor. Mas a arte é um comércio. E em todo meio, não só no artístico, existem ninhos com cobras, tapas de cavalos nos cabrestos das pessoas, ou melhor, cabrestos de cavalos com tapas nas moleiras das pessoas, abutres que rodeiam as feridas dos guerreiros, sedentos pelas fraquezas dos competidores, disputas por mastigações e goladas e jogadores de bafo bafo com pratinhas nos esqueletos das fachadas históricas centenárias. De vez em quando eu subo num balão para ver do alto o tabuleiro. Vejo a Torre do Velho, vejo Dom, ouço sons, sinto ganas, abro mão de certas coisas, encho o coração de outras, então desço para tentar mudar a história. Essa é a missão.
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