sexta-feira, 18 de maio de 2018

CRÔNICA DO MONEY (PRÉVIA)

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Havia retornado à terrinha na quinzena do 12 de 17. Depois de um atraso em solo mãe e após a passagem de um furacão na borda ocidental da península ibérica; com intuito de participar de uma formação superior em estudo antigo na Universidade Nova de Olissipo. Antes, havia feito um plano de economias próprias (sem deixar de viver nos bons combates) vindas de trabalho ativo e confiante. Desde o primeiro dia de inverno estive a conviver com os lusitanos de Alma, é verdade que passam muitas gentes onde eu estava, por ser a foz (a boca) do rio Tejo largo, como o focinho de um leão visto d´alto ou caixa bucal, com portos e pontos de ligações entre margens, de pontes para a Capital e outras cidades e é verdade, que toda vez que o sol aparece a cidade ilumina-se. O cinza do céu do Reino Unido se compara, tal como as chuvas do norte, as ondas aquáticas, as neves altas brancas e as baixas raras. Há cidades frias que me fazem sentir em casa, ainda mais as que abrigam partes minhas e uma beleza oriental misturada. No auge da inclinação da Terra, no ápice do inverno, ora! uma questão repetitiva (periódica) e física há milénios, por um instante senti (literalmente) um atraso na estrada que me encontrara, por ter abdicado de matérias que me dariam outros tipos de tranquilidades ou crônicas, como uma força motivadora ou apenas destino, de buscar ofício, trabalho para obtenção de ganho monetário e crença na humanidade. Eu sempre me vi como um peregrino, desde pequeno, lembro dos convívios com os mais velhos, que de certa forma me levaram a cenários de aprendizagens que gravaram na mente. Digo assim tão explícito porque é digno de revelar a decisão de engajar num trabalho diário de serventia. Tenho ou tive amigos que saíram a primeira vez do Brasil para outros países com intuito de trabalharem em negócios de restauração, bares, restaurantes e hotéis organizados, e foram ou são muito bem sucedidos, mas não foi o meu caso, até agora, porque fui para um restaurante numa cidade chamada Espinho de um pseudo conhecido. A única grana que eu possuía naquele momento era para o meu sustento vital, 500 euros, ainda que eu comesse uma boa comida na hora do almoço sem pagar, afinal trabalhava na cozinha de uma churrascaria, que concedia a alimentação no local para todos os funcionários, porém eu lidava com a faca numa das partes mais suculentas dos bovinos, a peça de carne, picanhas e maminhas e fumadas, lidava com o sangue frio saído do freezer, e acendia o fogo, tal como limpava, e cortava e servia às pessoas nas mesas, espetos de outras carnes, os mais fáceis, pois é uma arte o manejo do corte sobre os pratos, feito com excelência por pessoas experientes.
(...) Continua
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