sexta-feira, 28 de maio de 2021

SE EU NÃO FOR EU, SEREI QUEM?

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Deixarei triste o paredão verde e suas trepadeiras
Deixarei tudo pago antecipadamente em parceria
Todos os gastos, as tintas, os buracos e as reparações
Deixarei os convites, os papos, as audições e as portas abertas
Deixarei os gritos, os latidos, os estrondos e as reclamações
Deixarei até os cheiros avisados, os acordes e as plantações
Deixarei saudações, a simpatia, deixarei com pena a negação
Deixarei a avenida, o córrego de excrementos dos pobres ricos
Deixarei as derrapadas nas noites de chuva no morro acima
Deixarei as contagens dos relógios, os toques, as recepções
Deixarei as passadas, as corridas, as aberturas e as fechaduras
Para que não me escutem, sintam ou vejam, deixarei o lócus
Mas continuarei doando – em novo “sítio” – fundação e esperança
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