quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

A MULINHA DE CÁ

Certa vez conheci uma burrinha
Eu queria muito unir-me à ela
Ela não queria que a montasse
Eu não queria só montá-la, mas amá-la
Pois eu tinha estrada, sela, casa, espada...
Tinha vida, tinha línguas, tinha brasa
Mas a burrinha escolheu o hipopótamo
Eram copos e perfumes o que ela buscava
Isso ocorreu no Douro-Minho, Porto-Braga 
Depois disso conheci quem me queria
Eu queria o tempo todo construir, eu criava
A procriação a assustava, e ela não mais quis
Queria ela o que já tinha, comigo mesmo nada
Ela vinha de uma sorte litorânea babilônica
Desperdiçava abundância sem pensar nos cactos
Hoje em dia conheço uma mulinha
Ela é muito bonitinha e habita o meu sono
Sonho ou sonhava, mas a mulinha é amarrada
A quem a usa para carregar malas e adrenalinas
Eis que ela fica com uma pedra na cabeça
Que só foge, não salva, não escala, não brada
Eu só queria que a mulinha soubesse
Que debaixo da escada há um olho antigo
Um coração de um cara com muitos nomes 
E que é tempo de soltar dessas amarras que pesam
E ganhar coração, sela, estrada, casa, espada...
 

Nenhum comentário:

PALAVRAS DO BRASIL

Uai, e Cataguases? Cataguases é terra de gente boa, também. Escrito sem medo ou números classificatórios, exceto títulos de percursos presen...