domingo, 6 de outubro de 2024

MUITAS SAPUPEMAS, TANTAS SAMAÚMAS...

Há um ano eu percorria o entorno de uma Unidade de Conservação Privada exercendo uma pesquisa macro de reconhecimento dos potenciais e das carências nos âmbitos social, cultural e ambiental na zona da mata mineira. Lamentavelmente, de forma seca e fria, fui descartado do que poderia ser a chegada num horizonte promissor profissional, paralisando assim meus sonhos e consequentemente atrasando contribuições às necessidades de resoluções e avanços no quesito Unidade de Conservação Privada, em xeque. Senti uma das piores amarguras às vésperas das tradições natalinas de 2023 - ainda que meu time do coração tivesse levantado um caneco - e toda a frustração metafórica de quem está num iate e é lançado borda fora ao mar. Eu estava me afogando e para não, subi uma grande montanha, peguei um belo fôlego, vi caminhos, ilhas e recomeços, então desci para uma terra nem tão firme assim. À medida que o ovo meio podre que se encontra a minha cidade natal ia fedendo, meu espírito sentia-se preso, triste e contaminado. Crescia em mim um medo de montar o cavalo novamente por causa das pedras e cobras na estrada, pois com a minha idade, à deriva, sem bens numéricos e alianças leais, eu não tinha armaduras para ir para a "guerra". O fato é que trago uma luz de nascença que estava meio dormente, mas que não se apagará nem quando eu morrer. Juro! Essa força cresceu e matou o medo que se aninhava, alimentou a coragem que me move e resgatando a lembrança do meu passado mais simples e primordial me conduziu ao Voluntariado, novamente. O que pode gerar espanto, risos, deboche ou mesmo exemplo. Hoje, um ano depois de um descarte decepcionante, faço parte - voluntariamente - de uma equipe dinâmica e multi operacional atuando em uma Unidade de Conservação Federal, a Reserva Biológica do Uatumã, no coração da Amazônia brasileira. Nessa jornada medirei árvores, combaterei crimes ambientais, acompanharei pesquisas científicas diversas, aplicarei a educação ambiental, tomarei a sopa da cultura nacional e principalmente estarei servindo ao Meio Ambiente do Planeta Terra. Fico! De missão em missão, até que um barco passe novamente, buscando e aberto ao embarque para que continuemos essa história...
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MISSÃO 1: A PROVA DE SOBREVIVÊNCIA DE ÁRIES NO EXCEL DA FLORESTA - O GRID
Antes de entrar a primeira vez no interior da Floresta Amazônica, avisa-se aos navegantes: "O calor do mato te cozinha por dentro". De fato a temperatura é brutal, uma verdadeira sauna constante. Transpira-se só de pensar, mesmo que parado. Os insetos vão de minúsculos a gigantes. Agulhas com toxinas apontam por todos os lados, os cheiros te envolvem, as cores confundem. Os barulhos são frequências de rádio e estrondos. O banho se faz em igarapés nunca distante das feras. E as lendas tornam-se reais a cada passo. A Rebio do Uatumã tem aproximadamente 1 milhão de ha. Abrange grande parte do lago artificial e espelho d'água da hidroelétrica de Balbina 200km N de Manaus. Nela, ocorrem diversas pesquisas científicas nacionais e internacionais, além de operações de fiscalização por oficiais contra a pesca, caça e todo tipo de extrações ilegais. Existem demandas complexas para se cumprir e responsabilidades vitais da equipe gestora e trabalhista, todos os dias. Nessa missão, integrei por 6 dias uma equipe habilidosa que aplicou um método científico chamado "Cruz de Malta", que extrai dados fidedignos sobre a diversidade, riqueza, abundância e desenvolvimento de espécies da flora Amazônica. Esses dados alimentam o banco de informações científicas do programa MONITORA do Governo Federal, liderado pelo ICMBio.
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Saiba mais em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/monitoramento
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munduspartum.blogspot.com 

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