quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

RELATÓRIO DO MAIS NOVO MOR


Num mesmo quarto com três camas, dificilmente conseguia dormir depois de uma tarde agitada a correr na praça e a subir as árvores. Até conseguia rezar escutando músicas e seguro estar junto de dois gigantes, um quieto, outro delirante.

Minha fortaleza tem muitos átrios, isso quer dizer que tem muitas portas. As muralhas nunca estão tão perto. Poderia dizer que a maior muralha é o aro da grande esfera.

Aquela noite negra foi magia. Mas isso as muralhas não impedem a invasão do espírito. Porque a mística é invisível e imaterial. Contudo tenho as sete vidas, uma destas que foi gasta, levada pelas mãos do meu anjo da guarda. Mais seis vidas me sobraram, estas, ficaram nas mãos dos meus anjos reais.

O que desmoronou na verdade foi um gol contra. Mas, eu não jogava na linha. Não era o camisa 7, nem o 9, nem o 10, nem o 11. Eu era o 1. O goleiro. E não foi frango. Foi mesmo um gol contra. O pior de tudo é que no time eu tinha uma promessa em formação, goleador(a), nato(a), que agora não treina mais comigo. 

As feridas, as nossas, são iguais e ao mesmo tempo diferentes. É fácil entender assim: Se uma abelha nos ferroa enquanto na mesa estamos comendo seria de xingar esta abelha que aplica dor sem mais nem menos. Mas se na roça nós mexemos na colmeia, então justa é a ferroada. 

Me preocupo e me alerto, por isso meço, quando aponto os canhões para o céu. Pois, dependendo do ângulo a balística pode atingir-me. Dependendo da força a balística perfura a tal barreira, do tal aro, que é a muralha, mais resistente. O certo é que meus canhões funcionam para o bem da irmandade. 

Sobre envios de mais coisas ou de voltas de surpresa e de mares, maremotos, vulcões, movimentos fugazes, só sei que sou um homem simples, que sorrindo ou chorando, vivo intenso, imenso, amando, até a hora certa do destino, da vida que me cabe.

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