domingo, 25 de janeiro de 2015

UM APENAS

Três quintos do tempo depois do descobrimento o Imperador Dom Pedro entregava ao povo todo o terreno. Aquele caipira que ouvira o grito do monarca às margens do rio limpo dissera que viveria para além do seu sustento, tudo por causa do sentimento extasiado do seu patriarca. O povo multiplicou-se e a coroa dividiu entre dois países com arcas perdidas e monos nas árvores. O tataraneto do caipira que por herança traz hoje um metro quadrado de espaço, também traz a moda do seu tataravô. Olhando para cima ele vê o mesmo céu e o mesmo sol que as sojas em abundancia debandam ao litoral. Dali elas escorrem qual ouro e diamante, qual carros que chegam em naves navegantes. Porém ele olha para o rio e o rio não é mais limpo. O rio do grito sequer tem vida num fio d`água. Com efeito, e por justiça o grito magnífico de tão bravio e incisivo não terá efeito só no leite e no café, pois não? Há uma cidade que é um avião, isso envolve uma mistura peculiar com erva mate, garras, linhas e visão. Este hangar que só existe pelo grito, deixa indignada qualquer parte marginal dos participantes daquele passado acontecido. Porque com um Quinto, com o eco do grito e com este poderio todo, fácil de construir pontes, edifícios, plásticos e utensílios, como podem os consequentes extras daquele grito, aponto aos celulares, nem de sangue azul, nem cigarro de palha, moradores nos hangares, não saberem que o sol e o vento são energia, o mar é alimento, a língua é meio mundo e a lealdade é o passe para a fidalguia? E é com isso tudo que movem moinhos d`água que rodeiam toda a fonte do próprio grito. Este que é mais que generosidade, é uma evidente necessidade de um novo grito.

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