(...) Certa vez ocorreu uma enorme tempestade na Cidade dos Bispos. Durante as primeiras horas da noite os trovões sonorizavam pelas paredes da casa como se relâmpagos estourassem no teto da sala. Eu tinha que sair de casa para ajudar alguém mas quando chegava no parapeito da varanda do sétimo andar minhas pernas tremiam. Via-me incapaz de salvar alguém. No dia seguinte a tempestade continuava e a floresta que compunha o monte parecia ter apenas uma cor, quando na verdade ela tinha muitos tons de verde. A floresta estava completamente cinza naquela dia. Durante a noite consegui sair de casa para ir a um pátio com luminárias onde várias pessoas se aglomeravam pra agitar o corpo a fim de esquentá-lo. Eu precisava encontrar e salvar alguém. A chuva ainda era forte, a tempestade continuava e estávamos todos molhados. Voltei a casa, cabisbaixo e da mesma forma que cheguei adormeci numa cama vazia. Já não tinha esperanças. Eram as últimas horas da tempestade e ainda senti que ela levaria as batidas do meu coração. Então, na manhã seguinte, cheguei ao parapeito da varanda no sétimo andar e vi o monte verde, um pássaro azul pousou ao meu lado, piou, levantou voo e quando assentei no meio da sala com um livro aberto, muitas crianças me abraçaram. Na verdade eu fui salvo naquele momento. Mas uma nova tempestade começou. Era um choro que perduraria por mais dois anos continuamente a chover dentro e fora de mim.
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