terça-feira, 15 de setembro de 2015

O PORCO DE SÃO BENTO

Eu chegava do norte até aos encraves altos feitos pelas cicatrizes do rio douro para me formar ou ser formado, ou simplesmente, formar em Ordenamento do Território. Passava uma hora e quinze minutos dentro da linha do Minho a observar os campos ou conversar com as pessoas. Assim que chegava à estação de trem mirava o grande relógio redondo dependurado, mas antes de entrar no primeiro átrio de azulejos era notável um velhinho que escarrava brutamente no chão. Juro que lhe chamei atenção algumas vezes, mas nos dias seguintes sem mudança tive mesmo que pedir ao segurança: “Tirem esse velhinho daqui! Ora essa. As pessoas estão chegando à cidade e às portas tem um personagem minando o chão com cuspes? Não! Não! Tirem esse velhote daí, já!”. Os leitores mais medrosos pensarão em preconceito ou rudez. Porém a maior jurisdição justificativa é científica e salvaguarda a saúde de todos. Um indivíduo cheio de catarro nos pulmões está em processo de cura natural contra vírus ou bactérias em seu corpo. Nós possuímos anticorpos, isto é, células que combatem certas doenças onde o processo decorrente desta “guerra interna” é o surgimento de muco, o escarro, a mistura do resto imprestável. Não devemos jogar esse mal excremento para as ruas, sujeitar o nosso mal interno ao ar livre onde pessoas transladam. Além de feio o ato do cuspe, é maléfico e condenável pois o indivíduo errôneo contribui com a propagação de doenças. Os cientistas ensinam que os vírus cristalizam, viram esporos, se encapsulam. Bactérias resistem e “mutam” (mutação). Esses males ficam por horas dentro de uma poça de cuspe provindo de infelizes inconsequentes ignorantes, com a pena aceitação de tantos outros que fazem o mesmo ou não agem em contra ação. O velhinho com certeza tinha seus 80 anos, deve ter tido uma educação campesina. Aceitável cuspir no campo sendo que no campo é bem diferente que no cimento da cidade. O líquido na terra se agrega ao solo, é secado e misturado, não dá tempo nem chances aos micro-organismos sobreviverem. Mas nas calçadas o cuspe é como um oceano, no universo onde pisamos, tocamos, comemos, respiramos. O velhinho que foi tirado dali não contaminava mais. Todas as pessoas com hábitos de não se importarem com seus simples atos por seguirem tendências da maioria, precisam ser formadas (desde crianças com educação) ou justamente eliminadas. Os ministérios responsáveis pela saúde social recomendam quarentena, isto é, repouso, tratamento e devido fim a resíduos excretados com contaminação de “biomales” (parasitas) de indivíduos em processo de cura. Os ministérios recomendam, porém devem ensinar e ao extremo recolher e separar da normalidade. O Quinto Império é um palco tão detalhado a par da perfeição que exemplifica um caso, que de fato são muitos, a não constar para que logo assim conste num novo mundo, um rumo para o que é certo e deve ser bom. 

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