segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

DISTANTE E CEGO AMOR

*
Somos dois
Sou um fanático com a ideia de casa
De filhos, ofícios, irmãos, amigos e viagens
Madurados somos nesses ramos
Cega, por não ver que tanto quero
A continuidade desses planos
Cego, sigo com as letras e os castelos de pano
Que vão dar à sua vista, boca, corpo e lembranças
Sem notar que estou aqui distante, tão diante de si
Fico cada dia mais maluco a espera do sim
Um poder que mudaria tudo para muitos
Pois o sim transformará a dor em alegria
Neste caso sim porque juntos somos muito mais
Capazes de ir além do que já fomos
No sentido de andar cruzando meio mundo
Levando a parte que fizemos no caminho
Deixando marcas do nosso lado bom
Sou um cego tão focado nisso tudo
Que não há dúvida, eu te amo
Mas te vejo cega num mar de nãos
Sem ver as minhas mãos a te salvar
E as suas mãos que me salvarão
Enquanto o tempo, um monstro, nos devora
Para mim só há uma alternativa
Já que não inventaram a máquina do regresso, ainda
E ainda que não tivesse nunca me visto, beijado ou desejado
Ainda que tenha uma nova vida
Eu prefiro o meu ponto de vista, mesmo cego
Mas vivo só por causa da esperança no amor que há em si
*

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