sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

SOBRE OS HOMENS... HÁ MULHERES

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Lembro-me do jovem marroquino que conheci na Rodoviária do Rio quando perdi o primeiro voo. Sentei-me no chão às 3 da madruga com o muçulmano que me garantia vigiar meu sono como um guarda leal. Era de Casablanca, morava em São Paulo, sabia de Alcácer-Quibir e dizia que havia castelos e que eu precisa vê-los. Naquela mesma madrugada juntou-se a nós um conterrâneo, de uma família nobre da minha cidade, com mansão em frente à linha férrea e que tinha um filho no Peru. Conhecia ele meus professores de História e São Tomé das Letras. Era (é) um daqueles livres hippies à moda antiga. Tanto é que dissera que iria para uma cidade mas resolveu de última hora ir para outra (...) Não tenho andado com a cabeça baixa desde que meu ortopedista resolveu meu problema lombar dizendo para andar como hoje ando. Mas ainda sinto como um íman nas filas dos mercados. Reumatismo aos 34 é verdade ou é a falta do caldo do feijão ou a desabituação do frio? Achei um canivete aberto no canto do meio fio da paragem do autocarro na frente do Tejo. Afiado pois, cabo preto, marca tuga, talvez de um marinheiro ou pescador, ou de alguém dentre tantos que entram e saem dos barcos vai e vem pelo Rio-Mar. Eu mesmo fui para o lado de lá encontrar um fogo alaranjado, delicado, como a narizinho do Sítio do Pico Pau Amarelo para andar pelo Terreiro do Paço e ver as estátuas dos maiores (melhores) homens que já existiram um dia. Acredite! Conheci o Capitão Haddock do Tintim. Senhor alto, gordo, forte, voz altiva, ativo, conduzindo uma moto pela ponte vermelha a 100km/h, eu na garupa - como no avião sobre o deserto - com o frio cortante do rosto na melhor intenção de ajudá-lo a juntar placas numa piscina de uma mansão na costa da margem norte, mas não... Nem Tintim conseguiria. E o escritor “sem nome”, aquele com medo de gente, me disse coisas tão... motivadoras, que me fez sentir o Conde de Monte Cristo, quando ainda estava preso. Tenho um professor, José, que já tenciono convidar para meu tutor/orientador. Tive dois José`s Mestres e apontadores de direções, ou de puxões de orelha. Concordarão se é que me leem. Mas só o conhecerei em 2018. Já tenho muito a lhe dizer, os horizontes que pretendo ir, as submerções, as possibilidades de acordos de Armadas Marinhas, sobre os patrimônios, para desvendar ocultos, não só nos mares mas também nos rios do antigo Império e do Quinto. (...) Encontrei no Cais do Sodré o André e o Gonçalo, homens que conheci nas ilhas e nos barcos de pesca daquele mesmo Arquipélago. Mas não entendo como a cigana de Braga me disse que havia um protetor de pele negra em São Miguel que ainda hoje não me cobre alguns escudos? Eu tenho à minha espera - se não morro antes - as Brancas ao norte, os chás, cervejas, comidas da Índia e da Rússia, as carnes e o calor das casas Vikings. Por isso, meu dia de Natal será como os que passei sobre os vulcões no meio do Atlântico. Numa meditação profunda, com a sala infestada de fumaça de incenso, pão, água, talvez vinho e a solidão. Como um bom Cristão irei à Missa do Galo, pedirei perdão pelas minhas falhas e agradecerei por estar longe das garras do diabo. Já repito esse ritual há anos, é verdade. Mas, o fim do ano, o finalzinho mesmo é também o início do próximo. E nestes dias finais e iniciais irei encontrar uma gata, literalmente uma gata, de olhos claros, fera e pêlo negro, o que me dá imensa sorte. Então, Feliz!
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