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Eu vim de lá do "Clóvis Salgado", a pé, rumo ao centro. Estava em visita à irmandade Rèche. Caminho, normalmente, pois sou peregrino, além de escrever as coisas que observo (isto virará poesia). Aliás, troquei uma vieira e um crucifixo por uma estampa de vida na carne externa, a imagem de uma espada e uma cruz vermelha na perna direita oposta superior à bandeira do Brasil interna na dobra maravilhosa da pisada. Além mar eu andava 20km por dia, durante 6 anos, quinze dias, seguidos, lógico, não todos os dias do ano, o que me fazia chegar numa praça com uma grande Catedral próxima ao mar do Atlântico, lá no fim do mundo (Finisterra). Seguramente afirmo, livre, que sou um peregrino. E já pensei ir à Cordilheira dos Himalaias andando, donde estou até onde vive o Shiva (Índia). E porque escrevo fico imaginando as paisagens remotas que chegaria ao vencer o caos da vida. Rans, o Zinza, diria de prima das piores coisas para no fim da poesia, talvez, dizer algo de esperança. Desses passos porém, noto o fim dos tempos. Muitos lócus (galpões, garagens, varandas) juntam gritarias que extorquem as matérias das almas iguais às bizarras boemias da Babilônia. Soltos perdidos, bárbaros presos e televisionados, vestidos não condizentes, salários bizarros, bizarros que falam... E as avenidas, os planaltos, as planícies, onde fedem excrementos das descargas das mansões de cantos e metrópoles, juntos com o inferno calorão dia e noite, num corguinho aos pés das árvores barbadas, um trilho do velho progresso perdido, assim não são bonitas, francamente, tão pouco um orgulho modernista.
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
VIROU POESIA
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