terça-feira, 5 de novembro de 2019

EM CIMA DE UM CAIXOTE

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Dom Kiss Hot fora visto no alto da paisagem, um pouco mais velho pois o tempo suga a todos, os lábios quentes como sempre, ou seriam os dentes e a arcada nervosa, reduzindo alimentos e líquidos, a língua lusa - me desculpe Cervantes - o que lhe assemelharia mais ao Santo Pança. Mas como eu ia dizendo, fora visto sobre um caixote, nas fronteiras das batalhas, armando-se sob o sol, com um pincel em riste e proferindo aos mais próximos o seguinte recital:
"Eu sou um ariano!
Um dos mais originais
Do que vale isso?
Ser igual na morte
De todos os zodíacos
Sejam filhos de planetas
Sejam símbolos, ou místicos
O primeiro dos dias que virão
Para a honra e a glória do Rei"
(...)
Alguns pensaram que ele estava mais louco, mas era apenas Dom Kiss Hot. Na verdade ele estava em romance. Ele amava cada dia mais o destino e a sua Dama. Ele temia as traições. Ele estava revolto, porque sua espada fora pisada. Mas era Cristo o Rei que ele esperava. Ele se preparava.
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