sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

O LAMENTO DO CAMINHANTE À SUA AMADA

Sinto quase nada nesse instante, caem lágrimas
Vem chegando o fim de um tempo massacrante
Sinto que começarão novas batalhas e sinto dores várias
Estou um tanto revolto com a ilusão das glórias distantes
Pois um mal me abateu e por mais que corra não alcanço
Me perseguem os tormentos das pisadas em falso, as quedas e as facas
Não culpo pessoas, mas constato que não posso contar com elas
Pra nem um gole d´água ou ataduras que tampem as feridas abertas
Nem um pingo de consideração, nem resposta de socorro, nada!
Isso é um fato irreversível, imutável, registrado para sempre
Se eu precisasse de sangue não receberia uma gota
Se eu precisasse de uma mão não receberia um dedo
Por falta de clareza sobre o que posso, não posso convencer ninguém
Isso é um assunto morto, pesado e sem honraria atingível
Minha amada não é uma, não a toco, não a vejo, nem a sinto
Ela tem um castelo frente ao mar, companhia e árvores brancas
Eu não conseguiria ficar sem dizer algo depois de chegar em sua morada
Seria uma caminhada em vão, pois o que me resta é vencer a sola e o chão
Então eu teria que dizer alguma coisa, nem que fosse o que já sabe
Uma única palavra, uma simples frase, um sermão, a confissão
De um amor fracassado sem compreensão das traduções, culpado
Mesmo tendo construído torres do chão ao teto, mantras e folclore
Depois salvo por um pássaro azul tropical que não me deixou saltar
Nada se compara entre os lamentos de outrora e os de agora
Uma criação perdida, e uma criação findada, uma geração de dúvidas
A vida me abateu com estradas retas, sem graça e repetitiva
As curvas sumiram só ficando minas de pedras pontudas
Sigo o caminho a meditar sobre castigos e maldições de outras vidas
Andando e chorando, com esses lamentos latentes, sem fuga
O que me confunde porque durante o caminho matei alguns demônios
Mas foi insuficiente para que seguisse amando, amado e feliz
Concluo que minha vida passada e a dos que me colam querem que os leve
Fora um tanto violenta e conturbada, mais que agora, ou fora só um teste
Já que o passado é inalterado, o presente é uma realidade dolorosa
Tenho mesmo que subir um monte, solitário, eremita para sempre
Libertando das amarras consequentes dos amores para outra vida próxima

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