terça-feira, 30 de maio de 2023

VIDROS

Existem pessoas que te salvam a vida em várias ocasiões. Se for lembrar podem ser muitas vezes para quem viveu uma vida de bravura e desprendimentos sistemáticos, porque cada dia tem o peso de 10. E mesmo quem se recatou no purismo fachada passa aperto um dia e é salvo por alguém. Há quem chame os salvadores de família, amigos, sangue; outros mais refinados chamam de mestres, chefes, tutores e os exemplos dos mais eloquentes de farol, guia, anjo, luz.. Tanto faz, todos nós somos salvos por alguém na vida, chame como quiser. Eu acredito que continuo sendo salvo na escala do 1 por 10. Recentemente caí do cavalo. Não foi a primeira vez. Em todas as vezes existiam tapetes sob meus pés. Não que me amortecia, mas era como que quase morria, sangrava, chorava, emagrecia, não sorria e mesmo assim revigorava, não quebrava, justamente por causa da salva guarda. Em todas as vezes de queda havia no cenário  instrumentos, desenhos, espadas, escudos, artes, culturas, convívios, vigor, suor, fé, indignações, criaturas e criações. A última queda fez com que saísse de um ninho bem bonito no meio de um traço citadino, que me fazia lembrar do paisagismo exótico e a mini matinha atlântica do Colégio Cataguases, e por avenidas por onde passei a caminhar 3 anos, todos os dias letivos, indo ou voltando, com espinhas no rosto, paquerando calçadas ao lado, marchando leve com a biologia já pulsando em chegar longe... E o trajeto da minha vida fez com que residisse justamente nessa linha, por um bom tempo de produções e pseudo-união. Quando saí, caí no chão. Mas, lembra, tenho um tapete colado no chão. Vivi 90 dias no local de trabalho (e venho me despedindo com gratidão). Entre vidros e espelhos de 6, 8 e 10 mm de todos os filtros e reflexos diurnos e noturnos, e luzes que me vieram e fizeram escrever um horizonte de decolagens, pousos e reinaugurações. Em simultâneo, nesse tempo, quase morri no dia das eleições, porque era tão grande a carga negativa no país, que abalavam pais, filhos, netos, amigos, irmãos, e o saldo disso é que não vemos grandes resultados positivos depois da última mudança nacional, exceto as figurinhas e os jeitões dos poderosos do momento. Né não? É...! A bagunça continua solta. Eu queria pegar a Venezuela pra mim. Como é uma ideia de bravura e desprendimentos, com propósito coletivo, com certeza eu teria que ser salvo em algum momento dessa ideia, por isso lances assim são estratégicos mesmo, para instigar e aquecer os salvadores. Que me escolham! Explico:  “Pegaria a Venezuela pra mim” para salvar o povo inteiro da opressão governamental, povo que já vem tentando se libertar há anos, povo que paga os banquetes da ínfima minoria aristocrata e político militar, enquanto pipocam dívidas bilionárias, e perdas para quem emprestou sorridentes nos palácios; povo venezuelano fugindo doente, lutando contra tanques, aqui mesmo ao lado, só que depende das transmissões globais e das jogadas norte americanas com a Rússia. É o que de fato gostaria quando falo em “pegar”. E quem salvaria o Maduro? R: O Lula. Termino depois de ter sobrevivido à última queda. Eu fui socorrido, ouvido, acreditado, abraçado, aceito, reconhecido, orientado, abrigado por um homem com 9 dedos nas mãos. Falta-lhe o dedão esquerdo perdido num sinistro. A pinça mais ágil para se lidar com as dificuldades do dia a dia do “homem primata, capitalismo selvagem”. A este salvador, meu primo, Flávio J.N., minha imensa gratidão ao seu abrigo, ao seu ofício, à sua família (que é também a minha), às suas mãos, ao seu despertar. Por isso que eu digo, salvadores têm muitos nomes, formas, alguns nem são vistos, porque salvam o tempo todo, os que salvam. Gratidão a Deus!

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