segunda-feira, 29 de maio de 2023

CONTO: TEOREMA DA COMPETIÇÃO

... Faltava 7% de bateria do celular e essas maquininhas velhas acabam indo à baixo de uma hora pra outra, mas houve tempo de pegar o nome do título desse conto. Uso outra máquina antiga, barulhenta, onde escrevo e esquenta os pulsos, serve lindamente como prancha onde teclam meu dedilhado. Tenho dito por estar absorvendo, que quase todos os dias da semana a boemia comercial dos comes e bebes, o que é ótimo fazê-lo, e seus ruídos comportamentais de utentes e vendedores invadem casas diversas ao redor, ao lado, a frente, com gente residente idosos, doentes, crianças, há tempos ou recém chegados à comunidade. Por isso aconselho sempre como bom Hospitalário, usarem fones de ouvido mesmo que não toque nada sonoro, pois funciona como tampão, as borrachinhas. Indiscutivelmente é tamanho o impacto de quem sai empanturrado ou bêbado de um bar, peidando, arrotando, gritando, sujando, sorrindo, até chorando, como se estivesse num estádio ou no quintal da sua casa. E o fluxo de veículos, e motos andando nas calçadas nas barbas da lei, subindo em contra mão, enquanto um janota fuma seu cigarro filtro branco aos berros no telefone xinga alguém qualquer, sem senso comunitário, de espaço público ou privado... BABILÔNIA PURA! Houve um tempo na pracinha onde cresci, saí e atualmente vivo, na casa dos meus pais, que o inferno citadino eram os carros com sons altíssimos, vários, e com músicas estridentes e horríveis, que vibravam os vidros canelados quadrados da colmeia da porta de madeira da entrada depois da varanda branca e entre a sala de mesma altura do piso da quadra da praça. O inferno muda de meia em meia década. Esse cenário doméstico reabre outras lembranças, da primeira infância, quando o portão da calçada e rua ainda era baixo, até a peitoral, não ia até o teto, como jaula. Era de ferro pintado de branco, tinha dobradiça para entrar a “capital de rodas”, trincos e cadeado, obviamente. No passado algumas coisas parece que eram melhores, ou ocorriam menos, de fato diferentes, porque resolveu-se subir uma nova grade alta até o teto depois que a casa fora invadida pela anarquia, roubo e descontrole dos dopados em drogas mais pesadas e a famosa água ardente. Antes da lesa, aceita-se que os atos livres quando não ferem, devem perpetuar, mas se lesam, não poderiam, então por isso previne-se, tranca-se em casa, e ainda assim luta-se contra malícias dos outros contra os outros. Daí surge a teoria da competição. Conta-se em escritura sagrada a história de Caim e Abel, e ainda que fossem irmãos, olhavam-se em comparações, surgindo consequências negativas e com isso prejuízo comunitário. Péssimo isso. Se lá naquele tempo o pau já quebrava, então é verdade mesmo que o seio das famílias hoje em dia anda um tanto perdido. Não são fachadas que consumam eixos de mesmo fim, uniões sem análises, campanhas quaisquer por mais matérias e materiais, processos inventados sem fundamentos, enquanto o que impera são caminhadas e chegadas prósperas, fartas ideias realizáveis e povoadoras de novidades vivas, executáveis pelos que sabem. E é verdade que algumas ideias já estão prontas, como que aguardando o sinal de largada, integração e feitorias. Eu sei que pode parecer complexo, mas se prestarem bem atenção nessa teoria, será revelador o presente se repetindo no passado da seguinte maneira. Vai parecer prova do IBGE ou da Marinha esse conto, mas é bem atual mesmo, e seguramente iluminado por essas luzes da mesa, dos postes e dos tablados. Pois, aqueles tablados que conto nos bornais diagonais de outros contos. E ficarei imensamente honrado se um dia for citado. Um dia pode ser depois de muito tempo mesmo, ficarei honrado, certamente. Eu mesmo, não devo ganhar nada com isso, é quase sempre assim. (risos). Tá bem, é o ofício. Havendo descendentes poderão seguir de exemplo o que de bom hoje faço. E ganharão com isso?! O conto é assim: Duas pessoas vivem em suas casas, uma em cima da outra. Um tem uma casa em baixo. Outro tem uma casa em cima. Eles foram batizados em religiões diferentes. E por ignorância não se topam, não se falam, muito menos poderiam ser amigos ou irmãos, como Caim e Abel, eles competem, invejam e brigam. O indivíduo que vive em cima tem um terreno ao lado que o pertence. Para sacanear o de baixo, o de cima cria porcos, joga restos de comida de cima para o lado para alimentá-los. E os porcos fedem. O fedor e a agitação do chiqueiro perturbam o de baixo logo na altura ao lado. Da perturbação vem o mal estar e a fuga, deixando a casa para o de cima apossar. Depois que o de baixo sair e o de cima entrar, fará o de cima um altar, onde se saciarão seus egos num local onde cresceram porcos fétidos e barulhentos, num chiqueiro atmosférico. Sacam? Essas mininovelas existem em diversas realidades pelo mundo e são combustíveis para auferir (medir) a temperatura da evolução da sociedade desorientada, caduca, mal-educada, porca, sacana, parasitária, gananciosa, covarde, atrasada, degradante, ainda mais em Territórios com má fama por erros repetidos, e mais, desapercebidos, trocados por valorizações superficiais e cegueira da essência do que vale a evolução da alma; fraca mistura, comunhão e participação certa e o pior, desimportância, desamor. Um alô que deixo dos que me acompanham aos que acompanham esse conto, e que ao fim ao cabo revela que a competição humana é uma arma da ganância que é fruto da ignorância. É preciso combater todo tipo de maldade com notável inteligência, inclusive analisando-as sem escondê-las, muitas vezes explícitas, sobretudo as camufladas. Expondo as bases, os degraus e as complexidades, ensina-se a vencer o que é preciso vencer para não declinar mais o Mundo. A maldade, a desordem, a banalidade, a ignorância, o desrespeito, não devem prevalecer! Não deixe que a ilusão das quantidades, a futilidade, a fachada, as competições de status e egos prevaleça sobre a beleza natural de tudo, o equilíbrio das paisagens e das potências, a sensatez e a esperança por um mundo melhor.

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