sábado, 27 de janeiro de 2024

CRÔNICA: MALUNGO PESCADOR

Tinha eu cruzado a ponte velha, a pé, aquele conjunto robusto elevado de aço pintado de vermelho onde por baixo passa o Rio Pomba, um rio largo, gordo, sujo sem tratamento de efluentes a montante e a jusante considerável nos tempos de evolução e cumprimentos de metas, que às vezes por isso invade as baixadas aterradas, e por cima lê-se a placa em latim: "Pacificusne est ingressus tuus?". Sim. Passando no meio, num compasso observante, atento, livre e calmo... Sério? Como? Mantra! Desviando dos buracos da cidade que cresce aos trancos e barrancos, junto com os casos de doenças tropicais proporcionadas pela porqueira humana nos terrenos e quintais desleixados, no ano que atropela e capota sobre o povo, buscado por seu poder de graça ou por migalhas, desviando dos restolhos domiciliares e comerciais esparramados e dos cocôs dos animais e cachaceiros, cheguei ao Sebo com o sol rachando o chacra da coroa. Ufa! Ufa mesmo, para esse trabalho. Até que encontrei com o "Cerca Onça", personagem de sobrancelhas grossas, ar sisudo, mesmo que prostrado numa cadeira, ele fala e fala, e fala, muitas vezes cegueta, surdo, disperso, sem perceber ou sentir quem ali está, como um crente bitolado absolutamente no que ele acredita e só, definindo (ou tentando) ainda o outro e ponto final. Ele se mostra mesmo assim. Lembra dos minions? Eles podem receber qualquer prefixo radical para definir seus militantes. Esses personagens radicais existem mesmo, e são trajados de várias bandeiras. E é importante saber que uma hora ou outra de certo modo você precisará interagir com os mesmos, com cuidado, seguramente, pois são radicais. O retalho social intelectual, além do material, é fundamental para situar-se, equivaler-se, encontrar exemplos, constatar fatos, conhecer as peripécias da humanidade, medir a temperatura da massa e identificar sedentos por postos temporários, a ponto de juntar-se, separar-se ou apenas tratar com indiferença, teatro. Por todo lado há disto. Há quem defenda a extração do petróleo dos bolsões encontrados, independente (sem preocupar-se) se estão sob berçários biológicos, para que o lucro do uso das matérias fósseis seja revertido para a sociedade. Acorda, mané! Pare de amar o petróleo como ouro, induzido pelo que dele surge. Essa gosma negra tem fodido com o planeta até agora desequilibrando a roda. Estamos atrasados ou iludidos, ou são os que mais lucram os que defendem o petróleo, sem noção sobre as mortes dos peixes, mamíferos, aves, anfíbios, ordens de invertebrados, répteis, corais e os nativos. Lucram por meio século. São aqueles que não possuem o lado tal do equilíbrio, sendo, pois, radicais. Já a omissão, o cruzar de braços, o silêncio e a inércia frente a isso também é um extremo, um radicalismo. Então você precisa trabalhar no meio, sobre a ideia de que existem fontes energéticas e produtos tais, suficientes já produzidos para o gozo da humanidade, (sem grande necessidade de mais e mais), nem mesmo bombas e apetrechos para automóveis. A estupidez humana. É preciso desacelerar bruscamente o uso do petróleo, consequentemente sua extração, processos de queima e transformações em produtos, poluição. Há matérias menos lesivas, energias alternativas, condutas, modelos, personas, protagonistas nisto. Faz lembrar aqui rapidim o "Ciência sem Fronteiras", e ouso cutucar: Buscaria na lista dos aprovados à época alguma ideia aplicável hoje até 2030 para brotar algum orgulho bolsista, de descoberta, aprimoramento ou quebra de paradigmas, resoluções de problemáticas, adaptações às legislações, pins, plaquetinhas, citações que coloquem os palcos abertos e mostrem a verdadeira identidade do Brasil? Eu não sou um desses a viajar de balão. Mas digo com convicção: SALVEM OS CORAIS DA AMAZÔNIA! SALVEM A FOZ DO GRAN RIO EM MARAJÓ. SALVEM O LITORAL ATLÂNTICO EQUATORIAL! Este é o Brasil!

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